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Mariana Mortágua acusa Governo de usar debate do OE para fazer propaganda

Medidas “que nenhum deputado viu”, como a suposta contenção de aumento dos juros dos créditos à habitação ou a taxação de lucros excessivos, são lançados para o debate de um Orçamento onde há “salários com cortes reais e borlas fiscais às grandes empresas”.

No debate desta quinta-feira sobre o Orçamento do Estado para 2023, Mariana Mortágua vincou estarmos perante uma “situação caricata em que o Governo usa o debate do Orçamento para fazer propaganda a medidas que não estão no Orçamento e que nenhum deputado viu”. Falava de “uma suposta medida para conter o aumento dos juros dos créditos à habitação” e de “uma suposta medida para taxar os lucros excessivos das empresas”. E garantiu que a desconfiança com que estes anúncios foram recebidos à esquerda tem razões: “é que o senhor ministro também anunciou um apoio extraordinário para pensionistas e depois foi-se a ver e afinal era só uma antecipação da pensão a que os pensionistas já tinham direito e um corte nos direitos futuros”, dirigindo-se a Fernando Medina.

O que consta, isso sim, no Orçamento são “salários com cortes reais e borlas fiscais às grandes empresas”. E a deputada tratou de elencar os aumentos de lucros de algumas das grandes empresas do país: em 2021 os lucros da Galp aumentaram 500%, os da Jerónimo Martins 50% e a Sonae “bateu recordes de anos”. Em conjunto “puseram 1.200 milhões de euros diretamente nas mãos dos seus acionistas sem que o Governo tivesse mexido uma palha para as tributar”. Este ano, até agora, a Galp já lucrou mais 600 milhões, mais 400 milhões para a Jerónimo Martins e mais 100 milhões para a Sonae “e o Governo sempre a assobiar para o lado”, critica a dirigente bloquista.

Mariana Mortágua sublinhou ainda que “foi preciso uma proposta da Comissão Europeia que ultrapassa o Governo pela esquerda para finalmente ouvirmos ontem o senhor primeiro-ministro a falar de lucros “inesperados”.” Mas “inesperados para quem?”, questionou: “é que não me digam que o Governo acordou ontem e descobriu que havia empresas a lucrar com a inflação. Só o Governo é que não sabia e não via aquilo que o país está farto de saber e de sentir na pele”.”

O Bloco de Esquerda considera que à medida que o Governo deixa passar o tempo, “os lucros excessivos tornam-se normais e a tributação é sempre menor” e por isso é preciso clareza sobre o que se vai tributar. Caso contrário,  “a julgar pelos anúncios vagos que o Governo tem feito, ainda se pode criar a ideia neste país de que o PS vai acabar este Orçamento a aprovar uma proposta do Bloco de Esquerda para taxar lucros extraordinários”, ironizou Mariana Mortágua.

Governo usa debate do Orçamento para fazer propaganda a medidas…que não estão no Orçamento.

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