“Estamos a viver uma época de desigualdade económica extraordinariamente alta. A pobreza extrema e a riqueza extrema aumentaram de forma acentuada e simultaneamente pela primeira vez em 25 anos. Entre 2019 e 2020, a desigualdade global cresceu mais rapidamente do que em qualquer outro momento desde a Segunda Guerra Mundial”, lê-se no documento, citado pelo The Guardian.
Os mais de 200 economistas lembram que “os 10% mais ricos da população global atualmente recebem 52% do rendimento global, enquanto a metade mais pobre da população recebe 8,5%” e que “milhares de milhões de pessoas enfrentam as terríveis dificuldades dos altos e crescentes preços dos alimentos e da fome, enquanto o número de bilionários duplicou na última década”.
Conforme sublinham, “a elevada desigualdade prejudica todas as nossas metas sociais e ambientais. Ela corrói a nossa política, destrói a confiança, restringe a nossa prosperidade económica coletiva e enfraquece o multilateralismo”.
“Também sabemos que, sem uma redução acentuada da desigualdade, os dois objetivos de acabar com a pobreza e prevenir o colapso climático estarão em claro conflito”, acrescentam.
No seu entender, combater a desigualdade não é um objetivo autónomo, sendo que todas as políticas económicas, financeiras e sociais devem ser avaliadas em termos do seu provável impacto nessa demanda. “Isso sinalizaria claramente a nossa ambição coletiva de criar um mundo mais igualitário”, frisam.
Em carta ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e ao presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, os signatários de 67 países, que incluem o ex-secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, a ex-primeira-ministra da Nova Zelândia Helen Clark e os economistas Jayati Ghosh, Joseph Stiglitz e Thomas Piketty, exigem uma melhor medição da desigualdade e metas mais ambiciosas para reduzir as diferenças de rendimento e riqueza.
Apontando que o aumento da desigualdade foi “amplamente ignorado”, a carta refere que os meios atuais para avaliar o progresso na resposta ao problema não têm em conta a concentração de rendimento e riqueza entre os super-ricos.
E continua: “Os objetivos são importantes. A liderança importa. Os ODS [Objetivos de Desenvolvimento Sustentável] do Banco [Mundial] e da ONU estão numa posição única para dar um sinal de alerta para a redução da desigualdade de que o nosso mundo dividido precisa com tanta urgência hoje”.
Max Lawson, chefe de política de desigualdade da Oxfam International, assinalou que “nunca a luta para diminuir” as desigualdades foi “tão urgente”.
“Um aumento dramático na igualdade é a chave para um mundo melhor e para vencer o colapso climático antes que seja tarde demais”, defendeu.
Matthew Martin, diretor do grupo de campanha Development Finance International, advertiu que, “se não começarmos a medir a desigualdade adequadamente agora, nunca a reduziremos seriamente até 2030”.