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"Maior erro deste Orçamento é aceitar o empobrecimento"

Pedro Filipe Soares acusa do PS de ter feito "uma clara viragem à direita" e defende que só a pressão da opinião pública é capaz de ganhar espaço à maioria absoluta.
Pedro Filipe Soares. Foto Ana Mendes.

Em entrevista ao Diário de Notícias, Pedro Filipe Soares afirma que o maior erro do Orçamento do Estado para 2023 "é aceitar o empobrecimento", que no que toca aos bens essenciais "tem muito maior impacto nas famílias com menores rendimentos".

"O Governo dirá que não há empobrecimento porque prevê uma compensação em salários e pensões, mas na realidade a perda de poder de compra vai ser acentuada com este Orçamento. Estamos perante uma grande crise social", defende o líder parlamentar bloquista.

Num cenário de maioria absoluta, a aprovação de propostas da oposição é difícil, reconhece Pedro Filipe Soares. Mas pode ser  possível quando conquistam grande apoio social. "A pressão da opinião pública é a forma de ganhar espaço com uma maioria absoluta", aponta o líder parlamentar do Bloco, confirmando que deixou de haver espaço de negociação do PS com a esquerda.

"Neste momento, o primeiro-ministro dialoga e negoceia com Montenegro, isso é visível publicamente nas questões estruturais do país, negoceia com os patrões, como fez na concertação social, mas não é com o Bloco", afirma o deputado bloquista, insistindo que "com uma maioria absoluta, não são os partidos que fazem a diferença, mas sim as opiniões que consigam ter maioria social".

Questionado sobre o balanço da dissolução do Parlamento e as eleições antecipadas de janeiro, Pedro Filipe Soares apontou a estratégia do PS em torno da "chantagem que havia e há sobre o eterno medo da chegada da direita com a extrema-direita no bolso. Uma chantagem que fez com que algum povo de esquerda tenha criado um medo e que isso se tenha traduzido num resultado eleitoral".

"Não é difícil avaliar agora que foi uma estratégia que teve sucesso, mas o sucesso do PS não é necessariamente o sucesso do país", prosseguiu Pedro Filipe Soares, considerando que essa estratégia continua hoje e "é muito nefasta para o país e para a democracia". Sobre a eventual abertura do PSD a uma aliança com a extrema-direita, lembra os exemplos de outros países para concluir que "quem legitima a extrema-direita acaba por ser comido pelo monstro que acabou por criar".

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