Vestidos com a bata branca que usam no trabalho, mais de cinco mil médicos encontraram-se à porta do Ministério da Saúde, no dia do maior protesto da classe médica de sempre. "Neste momento, sem demagogia e com todo o rigor, podemos dizer que a greve a nível nacional ultrapassa os 95 por cento”, disse Mário Jorge Neves, sindicalista da FNAM, aos jornalistas a meio da tarde, sublinhando ainda que "nem no tempo da Leonor Beleza" se viu um protesto desta dimensão.
"Pela primeira vez, uma greve de médicos juntou dois sindicatos, a Ordem dos Médicos, a Associação Nacional de Estudantes de Medicina, a Associação de Médicos Unidos, a Associação de Médicos Internos, a Associação de Médicos de Saúde Pública e a Associação Europeia dos Médicos Hospitalares", acrescentou o sindicalista.
Nos maiores hospitais de Lisboa, a greve chegou aos 98% em Santa Maria, 100% em São José e 95% no Curry Cabral. No Porto, 90% dos médicos paralisaram nos Hospitais de São João e Santo António, o Hospital de Évora teve 98% de adesão, e os de Setúbal e Faro 95%. Nas unidades de saúde familiar e nos centros de saúde, a paralisação teve valores semelhantes, chegando em muitos casos aos 100%.
Em dia de debate parlamentar do Estado da Nação, o médico e deputado bloquista João Semedo não quis faltar à manifestação e passou pelo Ministério da Saúde para saudar os grevistas. "Esta é uma greve por razões profissionais, para melhorar as condições de trabalho e isso é essencial para garantir a qualidade a que os portugueses têm direito quando recorrem ao Serviço Nacional de Saúde", afirmou o deputado do Bloco. Para João Semedo, esta greve foi "um êxito" e "trará como consequência uma melhoria do Serviço Nacional de Saúde".
Esta quarta-feira, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses anunciou uma paralisação dos enfermeiros sub-contratados para a região de Lisboa para o dia 20 de julho. Ouvido pela agência Lusa, o secretário-geral do SEP esteve na concentração dos médicos e considerou "uma forte possibilidade" uma greve conjunta de médicos e enfermeiros, nomeadamente se o ministro Paulo Macedo "continuar esta linha de emagrecimento do SNS".
José Carlos Martins disse ainda que a questão da sub-contratação de enfermeiros para trabalhar em unidades de saúde da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo está longe de ser resolvida, depois do Governo ter permitido essa contratação a 3,96 euros à hora. Por isso estes profissionais, que não podem fazer greve por não terem vínculo à ARS de Lisboa, irão à mesma faltar ao trabalho no próximo dia 20.
Médicos em luta no maior protesto de sempre pelo SNS
11 de julho 2012 - 17:03
Com a adesão ao primeiro dia de greve a rondar os 95%, milhares de médicos concentraram-se à porta do Ministério da Saúde em defesa do SNS e contra a precarização dos profissionais de saúde. Os enfermeiros vêem com bons olhos uma paralisação conjunta em breve, se prosseguirem os ataques à prestação de cuidados de saúde à população.
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Milheres de médicos protestaram no dia da maior greve de sempre. Foto Paulete Matos