Em entrevista ao programa Hora da Verdade, do PÚBLICO/Renascença, a coordenadora do Bloco de Esquerda referiu que “Portugal tem um problema muito grave de inflação na habitação, no arrendamento e no preço das casas”. Esta é uma situação que “não vêm deste ciclo, já vinha de antes, mas está a ser agravado”, explicou.
Catarina assinalou que, com o aumento das taxas Euribor “há muitas famílias a sentirem uma grande dificuldade com o aumento da prestação da casa, que se junta às dificuldades que as famílias têm no arrendamento”.
Neste contexto, o Bloco vai “propor medidas que estão ao alcance do Governo em Portugal”, e espera que os outros partidos também se cheguem à frente para proteger o direito à habitação.
“Queremos garantir que as casas de habitação própria permanente não podem ser penhoradas. E achamos que é possível apoiar as pessoas que têm crédito à habitação através dos próprios lucros excessivos da banca, que teve neste ano e meio 2.800 milhões euros de lucros, já depois de pagar todos os impostos”, apontou a dirigente bloquista.
De acordo com Catarina, há “lucros muito avultados do sistema financeiro que podem e devem reverter para programas que apoiem as famílias com crédito à habitação”.
Sobre a possibilidade avançada pelo primeiro-ministro de abater créditos e deduzir no IRS, a coordenadora do Bloco referiu que “é muito poucochinho”.
“Em prestações que estão a aumentar 100 euros por mês, dizer que se vai reduzir os juros no IRS é uma gota de água. As famílias não conseguem nem chegar ao fim do mês”, alertou Catarina.
Sublinhando não querer “uma situação de incumprimento generalizado que é péssimo para as pessoas perdem a sua casa e para a economia como um todo”, a dirigente bloquista defendeu que “é preciso agir já sobre as prestações das casas”.
Mas, face aos “preços da habitação proibitivos” que se registam em Portugal, “há outras medidas que é preciso avançar para baixar os custos da habitação”.
António Costa parece "advogado da Galp"
No que respeita à tributação dos lucros excessivos das empresas, Catarina afirmou que “o primeiro-ministro português tem sido ultrapassado pela esquerda pelos líderes de direita de vários países europeus e até da Comissão Europeia”.
“Ouço António Costa a falar sobre o imposto sobre os lucros excessivos e parece que estou a ouvir o advogado da Galp”, frisou a coordenadora bloquista.
Catarina realçou ainda que “cada momento que passa sem taxar estes lucros é um momento que está a premiar estas práticas especulativas”. “Além disso está a sair dinheiro de Portugal. Estes lucros excessivos estão a ser distribuídos por quem põe o seu dinheiro nos offshores desta vida e em Portugal não fica nada”, acrescentou.
Referencial para atualização dos salários da função pública tem de ser inflação
Catarina recordou que “o primeiro-ministro disse que o referencial para a atualização dos salários da função pública era a inflação do ano anterior”.
“Agora que a inflação é mais alta, afinal já não é esse o referencial. Isso quer dizer que os funcionários públicos já perderam um salário no ano e para o ano vão perder ainda mais”, lamentou a dirigente bloquista.
Catarina vincou que “quando vemos escolas sem professores ou que não há médico de família é bom saber que é porque, pura e simplesmente, os salários neste momento são tão baixos que não pagam a renda de uma casa”.
E isso “é péssimo para os trabalhadores do Estado e é péssimo para os trabalhadores do privado, porque se dá um sinal a toda a economia de salários estagnados”, continuou. É
A coordenadora do Bloco avançou que “há um empobrecimento generalizado da população em Portugal feito pela inflação, com dois argumentos que são falsos”: “O primeiro argumento é achar que atualizar salários e pensões pode provocar inflação”, rematou.