Em resposta à agência Lusa, o coordenador da Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais na Igreja Católica Portuguesa, o pedopsiquiatra Pedro Strecht, afirmou que “a linha telefónica esteve quase sempre preenchida” no primeiro dia aberto à recolha de denúncias e testemunhos.
“Por inquérito online ou preenchido em telefonema foram já validados cerca de 50 testemunhos”, explicitou Pedro Strecht. O responsável congratulou-se com o facto de a mensagem inicial da comissão que coordena “ter sido bem acolhida por pessoas que foram vítimas deste tipo de abusos”.
A Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais na Igreja Católica Portuguesa começou esta segunda-feira a receber denúncias de vítimas. Os casos ocorridos desde 1950 podem ser remetidos às autoridades e investigados se os crimes ainda não tiverem prescrito.
As denúncias podem ser feitas pelas vítimas ou por terceiros que tenham conhecimento dos acontecimentos. A comissão pretende recolher testemunhos e denúncias de pessoas que tenham sofrido abusos na infância e adolescência, até aos 18 anos. Pedro Strecht garantiu que o grupo de trabalho tem mecanismos instalados para triar falsos testemunhos que possam surgir.
As denúncias e testemunhos podem chegar à comissão através do preenchimento de um inquérito online no site https://darvozaosilencio.org; através do número (00351) 917110000, disponível entre as 10h e as 20h diariamente; por email – [email protected]; por carta, enviada para um apartado que vai estar disponível no site da comissão; ou presencialmente, mediante marcação prévia de entrevista.
A par do seu coordenador, a Comissão integra o psiquiatra Daniel Sampaio, o antigo ministro da Justiça Álvaro Laborinho Lúcio, a socióloga e investigadora Ana Nunes de Almeida, a assistente social e terapeuta familiar Filipa Tavares e a cineasta Catarina Vasconcelos.
O trabalho desta comissão independente vai decorrer até ao final de 2022, altura em que será emitido um relatório com as respetivas conclusões. O documento será entregue à Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que financia o projeto e que, de acordo com a Lusa, “decidirá que ações tomar”.
Em dezembro passado, o presidente da CEP, o bispo José Ornelas, realçou a importância de se trilhar “um caminho de verdade, sem preconceitos nem encobrimentos” para a Igreja Católica portuguesa.
No mês anterior, mais de duas centenas de católicos tinham enviado uma carta à Conferência Episcopal Portuguesa defendendo “uma investigação nacional rigorosa, abrangente e verdadeiramente independente”. Alice Vieira, José Manuel Pureza e Jorge Wemans estão entre os subscritores.