Os doze clubes da principal competição portuguesa masculina de basquetebol tomaram uma posição conjunta manifestando a sua intenção de não comparecer na primeira jornada desta liga que deveria ter acontecido este domingo. A Federação Portuguesa de Basquetebol acabou por compreender os seus motivos e aceitou reagendar os jogos.
A causa desta tomada de posição inédita é o fim das manifestações de interesse que faz parte da política de imigração do Governo PSD/CDS. Com o desmantelar do mecanismo, o executivo estabeleceu um protocolo especial com cinco federações de desporto profissional para supostamente poderem ter processos mais expeditos de autorização de residência. Mas a burocracia do processo de entrada acabou por dificultar a regularização de vários jogadores estrangeiros em tempo útil.
Em causa estão, nomeadamente, os norte-americanos que serão mais de metade dos jogadores não nacionais a atuar nesta liga. Os clubes explicam “a emissão dos documentos necessários é extremamente morosa” para os cidadãos dos EUA, os quais, por exemplo, têm dificuldade em obter um registo criminal.
Mas o problema não está só aí. Os clubes queixam-se da AIMA e das “inúmeras dificuldades de índole prática” no organismo que deveria tratar destes processos, de “tratamento diferenciado para situações iguais, demora na resposta, entre várias outras situações anómalas”.
O tratamento diferenciado de processos faria com que alguns clubes começassem a competição numa situação de vantagem por terem todos os jogadores disponíveis. Por isso, em nome da “verdade desportiva”, todos se juntaram concordando em não jogar.
No seu comunicado de resposta, a Federação Portuguesa de Basquetebol recordou que o protocolo assinado com Governo implicava uma resposta aos processos pela AIMA de dois dias “algo que nem sempre se tem verificado” e que o certificado de registo criminal emitido nos EUA “tem um prazo de entrega previsto entre 4 a 6 semanas mas em alguns casos superior (principal constrangimento com que se deparam os clubes)”, o que “não é compatível com os timings de inscrição de atletas no início da competição, mas sobretudo nas substituições de atletas que ocorrem ao longo da época”.
Lembra-se ainda que os clubes ficam a suportar salários e outras despesas dos jogadores mas estes não podem competir.
O organismo responsável pelo basquetebol em Portugal indica ainda que “estas dificuldades foram identificadas e expostas aos órgãos do Governo com antecedência”.
Governo "multiplicou problemas"
O governo foi atrás da retórica da extrema-direita e acabou com a manifestação de interesse, o suposto exemplo máximo da "política de portas escancaradas".
Resultado? Multiplicou problemas que tenta tapar com regimes especiais.
O mais recente é com os clubes de basquete ⤵️ pic.twitter.com/FkPcY3wSKp— Fabian Figueiredo 🍉 (@ffigueiredo14) October 6, 2024
Num comentário a este adiamento nas suas redes sociais, o deputado bloquista Fabian Figueiredo diz que “o governo foi atrás da retórica da extrema-direita e acabou com a manifestação de interesse, o suposto exemplo máximo da "política de portas escancaradas".”
Como resultado disto “multiplicou problemas que tenta tapar com regimes especiais”.