Largo Residências junta vozes pela sua continuidade

24 de abril 2023 - 11:10

Dezenas de associações sociais e culturais promovem uma petição pública em defesa deste espaço-projeto piloto instalado num antigo quartel da GNR devoluto na freguesia lisboeta de Arroios.

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Largo Residências
Foto Largo Residências/Facebook

O objetivo da petição pública "Há vida no Quartel - dar lugar à cidadania, cultura e inclusão" é levar os órgãos autárquicos a agir na defesa da continuidade do Largo Residências no local onde se encontra desde outubro, um antigo quartel da GNR devoluto em Arroios, "ou noutro espaço próximo com condições adequadas e similares".

Os peticionários lembram que o Largo Residências junta atualmente "mais de 140 trabalhadores do sector sociocultural [que] desenvolvem em permanência mais de 40 projetos de várias áreas de intervenção, e onde vizinhos e parceiros sociais se apropriam de um espaço democrático, seguro, intergeracional e multicultural".

O espaço tem acolhido também uma programação regular de atividades culturais e desde o início se sabia ser temporário, pois o antigo quartel estava destinado a ser remodelado para habitação no âmbito do programa de Renda Acessível. O projeto do Largo Residências começou no Largo do Intendente, mas os senhorios decidiram vender o edifício e terminar o contrato de arrendamento em abril do ano passado. O antigo quartel da GNR no Largo do Cabeço da Bola, onde a cooperativa Largo Residências já organizava desde 2020 o festival anual Bairro em Festa, foi a solução encontrada para a continuidade do projeto.

"Aqui cidadãos em várias condições de vulnerabilidade social, como situações de sem abrigo, situações de refúgio, com vários grupos de ativistas pelas questões climáticas, questões de género, coabitam com uma grande e diversa comunidade que caracteriza o território de Arroios, em Lisboa", uma zona "que sofreu as inevitáveis consequências da gentrificação".

"O direito à cidade quer-se para quem nela vive, mas também para quem nela trabalha, cria valor, oportunidade e impacto social de interesse coletivo", apontam os peticionários, que consideram "que este espaço-projeto piloto é não só uma bolha de esperança, como efetivamente transformador na qualidade de vida de tantas pessoas a quem a cidade, em geral, e esta freguesia em particular, se tem tornado economicamente inacessível", bem como "no apoio de condições para o desenvolvimento de criações artísticas e projetos culturais que não encontram alternativa na cidade".

Entre as organizações subscritoras estão a Associação de Comunidade de Afegãos em Portugal, a Associação para a Promoção da Segurança Infantil, oficinas de artes gráficas e marcenaria, além de vários projetos e coletivos pela justiça climática, feministas, artivistas, mas também de jornalismo, teatro, arquitetura, economia circular, uma livraria e uma rádio online, entre muitos outros.