No passado domingo (21) assistimos à desistência da candidatura à presidência dos Estados Unidos da América por parte do atual presidente democrata, Joe Biden. Após a sua desistência, Biden demonstrou publicamente o seu apoio a Kamala Harris, que ocupa atualmente o cargo de vice-presidente do país.
Desde então, foram várias as celebridades e importantes figuras políticas a manifestar o seu apoio incondicional através das redes sociais a Kamala Harris. De acordo com o periódico norte americano WSJ, a vice-presidente Harris passou mais de 10 horas em chamadas telefónicas com líderes e ativistas sociais, organizações de direitos civis, membros do congresso e governadores, com o objetivo de angariar apoios e aliados à sua (possível) candidatura à presidência dos EUA.
O anúncio inesperado da possível candidatura de Harris e a desistência da candidatura de Biden tornaram-se virais na mídia de tal forma que abafaram por completo o ‘atentado’ cometido contra Donald Trump durante a tarde norte-americana de 14 de julho. A possível candidatura de Kamala Harris é agora uma trend nas redes sociais onde se juntam pessoas de todas as idades, géneros e etnias para celebrá-la. Desde trends como “Kamala is brat”, até “Kamala coconut tree”, as mais recentes tendências virtuais contam com milhares de interações nas principais plataformas sociais como X (ex-Twitter), Instagram e TikTok.
No entanto, ao mesmo tempo que surgiu uma tendência aparentemente crescente de fanatismo por Harris, emerge uma onda de preocupação alimentada pelo comportamento da VP dos EUA ao longo da sua vida política. Desde o seu fervoroso apoio a Israel e a sua conivência com o genocídio que decorre na Palestina, os democratas estão preocupados, pois, Harris afirmou recentemente que o “apoio a Israel continuará”. Para além disso, quando ocupava o cargo de Procuradora Geral da Califórnia, procurou manter aprisionados indivíduos mesmo depois destes cumprirem a sua pena. Por estes, e por outros motivos, os jovens começaram a questionar-se ao redor das plataformas se Kamala Harris e Donald Trump não são a mesma pessoa política, com a diferença de que uma usa bandeiras LGBT e é pró-escolha e a outra não esconde os seus preconceitos.
Alguns internautas têm levantado algumas preocupações que são compartilhadas nas comunidades digitais por dezenas de milhares de usuários. Desde a visão da VP sobre o controlo da imigração na fronteira com o México, onde foi acusada por diversos ativistas e associações de “não avançar até à sua tentativa de aprovar no Congresso, um acordo bipartidário que, uma vez posto em prática, permitiria que a fronteira se fechasse após um limite estabelecido.
Kamala Harris foi a primeira mulher a ser vice-presidente dos Estados Unidos da América, foi a primeira pessoa negra e também a primeira pessoa asiática-americana a ocupar este cargo. E por este feito, merece Kamala Harris toda a nossa admiração? É, de facto, notável que num país como os EUA, uma mulher, especialmente com as características de Harris, tenha conseguido chegar a um dos cargos mais altos do governo norte-americano, no entanto, uma grande parte da população parece não conseguir ‘olhar para o outro lado’.
Harris não é a melhor opção para os Estados Unidos da América, nem para a Palestina, nem para o mundo. Mas entre as únicas opções em cima da mesa neste momento, parece-me que uma é sem dúvida melhor que a outra. Quando se trata dos direitos das mulheres, do acesso à saúde e de outros temas cruciais à vida do ser humano, Kamala Harris destaca-se pela sua visão mais democrata direcionada ao ‘povo”. Embora a Vice-Presidente dos Estados Unidos da América possa não ser a candidata ideal para todos, é fundamental que as críticas direcionadas a Harris sejam feitas com base no seu mérito político e que nunca sejam motivadas por preconcebidos machistas, racistas ou xenófobos.