Júri considera Trump responsável por abuso sexual de E. Jean Carroll

10 de maio 2023 - 15:26

Em causa está um processo civil por abuso sexual e difamação da escritora em 1996. O júri federal ordenou que Donald Trump pague cinco milhões de dólares de indemnização. O ex-presidente norte-americano alega ser alvo de uma conspiração democrata para derrotá-lo.

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Foto de Shealah Craighead/Casa Branca/Flickr (arquivo).

Sendo este um caso civil, e não criminal, o júri não deveria determinar se Donald Trump é “culpado” ou “inocente”, mas sim se ele é responsável por um ataque a E. Jean Carroll no interior de uma loja de roupa da Bergdorf Goodman.

Trump não poderia ser processado criminalmente por agressão sexual porque o crime já prescreveu. Em vez disso, Carroll processou Trump sob uma lei do estado de Nova Iorque, de 2022, que deu às vítimas uma janela de um ano para processarem os seus supostos agressores. A lei é chamada de Lei dos Sobreviventes Adultos.

A escritora explicou que, à época, ficou em silêncio sobre o incidente porque temia represálias por parte de Trump e dos seus poderosos aliados. Carrol resolveu escrever sobre o ataque num livro de memórias, datado de 2019. Para reforçar o seu testemunho, dois amigos da escritora testemunharam que ela lhes relatou o ataque logo após o ocorrido. Duas outras mulheres testemunharam que Trump tentou forçá-las.

Durante o julgamento, foram lembradas as declarações do antigo presidente durante um programa do "Access Hollywood", de 2015, em que Trump afirma que "quando você é uma estrela, pode fazer o que quiser com as mulheres”. Num depoimento em vídeo gravado para o processo sobre o ataque a Carroll, Trump basicamente manteve os seus comentários no “Access Hollywood”. "Historicamente, isso é verdade com as estrelas", frisou.

O juiz distrital dos EUA Lewis Kaplan pediu aos jurados que decidissem se a "preponderância das evidências" revelam que Trump "violou", "abusou sexualmente" ou "agarrou à força" a escritora. O júri, que deliberou em menos de três horas, optou por considerar o ex-presidente responsável por abuso sexual. Os jurados também concluíram que os ataques retóricos de Trump a Carroll em publicações nas redes sociais eram "difamatórios", "falsos" e feitos "com malícia real".

Em declarações à Fox News Digital, Trump garantiu que irá recorrer do veredicto. Na sua página de internet Truth Social garantiu ainda que "não tem ideia" de quem é Carroll e frisou que "este veredicto é uma vergonha".

O veredicto de abuso sexual surge num momento em que Trump continua a ser o favorito para a campanha presidencial republicana em 2024, e soma-se a outros processos em que é visado. Um júri da cidade de Nova Iorque indiciou Trump em março sob a acusação de falsificar registos comerciais para encobrir pagamentos clandestinos à ex-amante Stormy Daniels pouco antes da eleição presidencial de 2016. O ex-presidente permanece ainda sob investigação criminal em pelo menos três outros casos. Em causa estão tentativas por parte de Trump no sentido de reverter a sua derrota nas eleições de 2020, o caso dos documentos classificados encontrados na mansão na Florida do antigo líder da Casa Branca e o possível envolvimento de Trump na insurreição de 6 de janeiro de 2021.

O ex-presidente norte-americano tem alegado que o processo de Carroll e outras investigações são uma conspiração democrata para derrotá-lo. Certo é que as sondagens mostram Trump a subir nas primárias republicanas, e essa tendência foi visível mesmo após ter sido indiciado por suborno em Nova Iorque.

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