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Junto ao Tejo "sob ameaça", Marisa defendeu a centralidade das questões ambientais

Num encontro esta segunda-feira com ambientalistas junto ao rio Tejo, em Abrantes, Marisa Matias denunciou os problemas muito graves que o rio Tejo enfrenta, marcado pela poluição e falta de fiscalização sobre a sua origem. Para a candidata à Presidência da República, falta “quem assuma esta responsabilidade de perceber que se o rio está completamente poluído é porque há uma valorização de negócio que se sobrepõe aquilo que são os interesses colectivos”.
Para Marisa, há uma agenda clara de interesses privados que é incompatível com a proteção do rio Tejo e da biodiversidade. Ao lado da candidata estiveram ambientalistas que têm defendido o rio Tejo ao longo dos últimos anos, muitos deles ameaçados e perseguidos “precisamente por essa defesa intransigente daquele que é um bem público e que deve ser uma preocupação de todos e todas nós”.
Além da poluição, Marisa explicou que o Tejo tem problemas de caudais que se traduzem “num ataque sistemático e permanente aos ecosistemas" num rio com barreiras "que estão na antítese daquilo que deve ser a política para os rios, que é voltar a naturalizá-los, para que eles possam ser utilizados em todas as suas condições e respeitando as normas ambientais”. Para Marisa, o Tejo está “sob ameaça”, é um património do nosso país que tem de ser preservado e “estas questões não podem ser questões secundárias na agenda política de um país”.
No entender da candidata presidencial, parte da solução passa precisamente por aí: por colocar as questões ambientais e de combate às alterações climáticas no centro da agenda política, “seja ao nível da Presidência da República, do Governo e da própria força que pode ter num Parlamento num país como o nosso que é tão afetado por elas”. Ao Presidente da República, “por maioria de razão”, cabe “ser o primeiro a assumir exercer a sua influência para que elas sejam introduzidas e permaneçam na agenda”.
Marisa Matias recordou ter iniciado a sua vida política precisamente em movimentos ambientalistas, há mais de 20 anos. Por isso, considera entusiasmante a forma “como os jovens trazem estas questões para o nosso espaço público” e que “é incompreensível que não haja da parte das instituições uma resposta e um diálogo permanente que nos ajude a colocar estas questões no centro da agenda política”. Na mesma linha, também considerou incompreensível que os alertas de tantos ambientalistas “caiam em saco roto” e “que tenham escrito aos diferentes órgãos de soberania, que se tenham dirigido ao Presidente da República e que não tenham tido resposta”.
“Esta é uma questão de democracia, é uma questão de sociedade e é uma das questões centrais da política. Não podemos continuar a fazer política neste país e a olhar para as instituições como se continuássemos no passado. Estes problemas estão aqui agora, são eles que vão determinar a nossa capacidade de viver o futuro e é aqui e agora que nós temos que introduzi-los na agenda política e fazer deles questões centrais a todos os níveis”, defendeu Marisa.
As críticas a Marcelo Rebelo de Sousa continuaram, pois “o Presidente da República é o maior representante do país do ponto de vista da diplomacia externa e nós sabemos que muitos destes problemas que o Tejo enfrenta também têm a ver com falhas de comunicação ou ausência de comunicação com o nosso país vizinho. Acho que o chefe da diplomacia tem que perceber que as questões ambientais têm que ser centro também e parte integrante dessa diplomacia”.
Para Marisa Matias, “as questões ambientais, de defesa do ambiente e as questões de combate às alterações climáticas não são questões que a gente possa escolher se devemos ou não devemos integrar na nossa intervenção política” e lembrou que lutar pela qualidade ambiental e pelo meio ambiente é um desígnio que está previsto na Constituição.
“Eu creio que nós temos tanto conhecimento, tanta experiência acumulada, tanta gente que dedica a vida a estudar estes problemas, a acompanhá-los, a denunciá-los, que é mesmo um desperdício se a gente não dialogar com estas pessoas e não fizer delas o centro da resposta aquilo que precisamos de responder para combater estes problemas. Obviamente, tem que estar no centro da agenda política e ouvindo toda a gente que pode e que contribui seguramente para encontrar soluções”, concluiu Marisa.
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