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Jovens ativistas vão ocupar escolas em todo o mundo para exigir fim da economia fóssil

Estudantes de escolas e universidades de todo o mundo estão a planear levar as greves estudantis um passo adiante e ocupar os estabelecimentos de ensino para exigir o fim da economia fóssil.
Em carta aberta publicada no The Guardian, jovens ativistas climáticos envolvidos no movimento End Fossil: Occupy! explicam que avançam para a iniciativa não porque não gostam de aprender, mas porque o que aprenderam “já deixa claro que, sem uma rutura dramática com esse sistema”, não é possível “garantir um planeta viável” para o presente e futuro.
Assinalando que, após as “massivas mobilizações climáticas de 2019”, o covid-19 traduziu-se num refrear da luta climática, os ativistas alertam que “o que não diminuiu, no entanto, foram as emissões de gases de efeito estufa, a exploração do sul global e os lucros inimagináveis acumulados pela indústria de combustíveis fósseis”.
“Não é segredo que o nosso inimigo, a indústria de combustíveis fósseis, governa o mundo. E está longe de cair; na verdade, está mais forte do que nunca”, escrevem. Na carta aberta é dado o exemplo da investigação recente do The Guardian, que revelou ao mundo que o império dos combustíveis fósseis tem 195 projetos que representam verdadeiras “bombas de carbono” e que “ameaçam a nossa esperança de um aquecimento global de até 1,5°C”. “Isso mesmo: apesar do espetáculo realmente hilariante dos nossos políticos e instituições na Cop26 em 2021, as maiores empresas de petróleo estão a caminho de gastar 103 milhões de dólares em projetos de destruição planetária todos os dias pelo resto da década”, apontam.
Acresce que “a crise climática não é uma crise justa”. Os ativistas do End Fossil: Occupy! Recordam que os últimos relatórios do IPCC “mostram que os mais afetados pelas alterações climáticas são, muitas vezes, os que menos fizeram para causá-las”. “Como jovens nascidos à beira da maior catástrofe da história humana, é nossa responsabilidade histórica levantarmo-nos para impedi-la”, assumem.
E é exatamente por isso que planeiam organizar-se em grande escala e criar “um novo pico de mobilização, ainda maior que 2019”.
Com a “certeza de que uma mobilização maior do que nunca é não apenas possível, mas existencialmente necessária”, os jovens consideram que “a inovação e a criatividade dos jovens, combinadas com um apetite feroz por disrupção e libertação, podem mudar o mundo”.
Como outros estudantes fizeram antes, “dos alunos do Maio de 68 na França à primavera árabe, da Revolução dos Pinguins Chilenos e da Primavera Secundarista no Brasil ao Occupy Wall Street”, os ativistas do movimento climático querem mostrar aos seus governos e sociedade que que é urgente uma mudança radical.
Jovens “de Lisboa à Califórnia, do Peru à Alemanha e de Madrid à Costa do Marfim” são convocados a unirem-se “e organizarem uma geração revolucionária internacional que possa mudar o sistema”.
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