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ONU pede ações drásticas em grande escala para enfrentar alterações climáticas

Num relatório divulgado esta segunda-feira, os cientistas do IPCC alertam que quase metade da população mundial está vulnerável a impactos climáticos cada vez mais perigosos e que um terço a metade do planeta precisa de ser conservado e protegido para garantir o abastecimento futuro de alimentos e água doce.
Greve Climática - Foto de Paula Nunes.

“A adaptação salva vidas”, frisou o secretário-geral da ONU, António Guterres, durante o lançamento do relatório. "À medida que os impactos climáticos piorarem - e irão piorar - aumentar os investimentos será essencial para a sobrevivência... O atraso significa morte", continuou.

No relatório do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC), citado pela Reuters, é assinalado que as alterações climáticas estão a ter impactos mundiais a um ritmo muito mais rápido do que o previsto. Enquanto isso, os países não conseguiram conter as emissões de carbono que aquecem o planeta, que continuam a aumentar.

“A poluição de carbono descontrolada está a forçar os mais vulneráveis do mundo a uma marcha rumo à destruição”, disse Guterres num discurso em vídeo.

Os peritos defendem que é necessário investir em novas tecnologias e apoio institucional. As cidades podem investir em áreas de arrefecimento para ajudar as pessoas durante as ondas de calor. Bem como as comunidades costeiras podem precisar de novas infraestruturas ou de mudar completamente a sua configuração.

O IPCC destaca a urgência dos esforços para conter o aquecimento global em 1,5 graus Celsius (2,7 graus Fahrenheit) das temperaturas pré-industriais. E adverte que romper esse limite causará danos irreversíveis ao planeta.

"A adaptação não é um cartão de saída da prisão. Há limites para a adaptação", apontou, por sua vez, Maarten van Aalst, diretor do Centro Climático da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho e co-autor do relatório.

Na realidade, o documento enfatiza que limitar o aquecimento global a cerca de 1,5°C pode não evitar perdas para a natureza, sociedades ou economias, mas irá reduzi-las substancialmente.

Acresce que, de acordo com os peritos, as sociedades não conseguirão adaptar-se a um mundo em aquecimento se não forem socialmente inclusivas ao lidar com a tarefa. Nesse sentido, as soluções têm de ser socialmente justas e incluir populações indígenas, minorias e desprotegidos.

"São os pobres e mais marginalizados que são mais vulneráveis", afirmou Timon McPhearson, ecologista urbano da The New School em Nova York e um dos 270 autores do relatório.

Em causa estão populações dos países em desenvolvimento em África, Sul da Ásia e pequenas nações insulares, bem como comunidades marginalizadas em nações ricas como os Estados Unidos. Sem o desenvolvimento económico inclusivo na África, por exemplo, as alterações climáticas deverão levar mais 40 milhões de pessoas à pobreza extrema até 2030.

Os peritos salientam que as decisões que a sociedade tomar na próxima década definirão o caminho climático que está por vir.

"Há uma janela breve, e que se fecha rapidamente, para garantir um futuro habitável no planeta", vincou Hans-Otto Portner, co-presidente do grupo de trabalho do IPCC. "Precisamos de estar à altura deste desafio”, rematou.

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