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Jornadas católicas: “a maioria absoluta que caucionou tudo isto está calada até agora”

À margem da visita ao Teatro Lethes, Catarina Martins respondeu a questões sobre os gastos públicos milionários com as Jornadas Mundiais da Juventude da Igreja Católica, questionando o seu sentido num Estado laico e “a absoluta opacidade” da forma como foram tomadas decisões.
Catarina Martins em Faro. Foto de Luís Forra/Lusa.

Depois da sua visita ao Teatro Lethes em Faro esta sexta-feira, Catarina Martins foi questionada pela comunicação social sobre a polémica com os gastos públicos milionários com as Jornadas Mundiais da Juventude da Igreja Católica. A dirigente partidária começou por afirmar que “há muitas coisas coisas difíceis de explicar”, nomeadamente a decisão do Estado de “financiar fortemente uma atividade da Igreja”. Realçando que vivemos num Estado laico e que “noutros países do mundo houve jornadas com grandes investimentos que a própria Igreja pôde pagar”, conclui que estas “devem ser pagas como no resto do mundo pela própria Igreja”.

Sobre o que tem vindo a ser tornado público, considerou que “ontem tivemos esse momento inusitado de ouvirmos Igreja, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, presidente da República a dizerem coisas contraditórias e a maioria absoluta em silêncio, o que aliás também não esclarece nada, antes pelo contrário.”

Para ela, há um “duplo problema”. Em primeiro lugar, “os milhões que estão a ser gastos e que o país pergunta, e bem, se têm sentido”. Em segundo lugar, “a absoluta opacidade na forma como são decididos e como são gastos”. A este propósito recorda que “o choque que se tem com os números só acontece porque se andou a esconder os números até agora” e que o  Bloco de Esquerda "votou contra quando no Orçamento do Estado se decidiu aumentar o limite de ajustes diretos para se permitir estes milhões sem nenhum escrutínio”. Na Câmara Municipal de Lisboa, o partido tem também batalhado “há meses” para conseguir acesso aos dados sobre os gastos e “nunca obtivemos absolutamente nenhuma resposta”, revela.

Insiste-se que “não tem nenhum sentido decisões de milhões serem tomadas por ajuste direto, nas costas do país”, com “a maioria absoluta que caucionou tudo isto” a permanecer “calada até agora”.

Contudo, há um ponto que merece outro tipo de debate. Envolvidas na questão estão “questões sobre requalificação do território, nomeadamente naquela área entre Loures e Lisboa”, que deveriam ser discutidas “de forma democrática e transparente” porque “tem sentido que se debata como se mudam os territórios”.

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