O plano dos militares israelitas para o assalto à cidade de Gaza com vista à expulsão da população para o sul da Faixa de Gaza está concluído e será apresentado ao Governo esta quinta-feira.
Segundo o diário Haaretz, a operação militar implicará a chamada de 60 mil reservistas já em curso, e mais duas mobilizações a terem lugar em novembro e no início de 2026, num total de 130 mil reservistas mobilizados para uma guerra que se prolongará no próximo ano.
Genocídio
Protestos em Israel não travam plano de expulsão em massa da cidade de Gaza
“Assim que a operação esteja completa, o rosto de Gaza vai mudar e não será mais como era no passado”, assegurou o ministro da Defesa Israel Katz. Os ataques à Cidade de Gaza e seus arredores intensificaram-se nos últimos dias.
No passado domingo, o Fórum das Famílias dos Reféns e Desaparecidos organizou ações de protesto em várias cidades para exigir o fim da guerra e o regresso dos reféns. Dizem ter juntado um milhão de pessoas, metade na gigantesca manifestação que teve lugar em Telavive. Agora, exigem uma reunião urgente com o ministro da Defesa e o chefe dos militares para obterem garantias de segurança para os reféns no quadro do anunciado assalto à Cidade de Gaza.
As famílias dos reféns dizem esperar que esta “Operação Carros de Gideão II” - uma sequela da operação militar de maio para tomar a Faixa de Gaza - “não se transforme no ‘assassinato dos seis reféns II’”. referindo-se aos seis reféns executados pelo Hamas em Rafah no ano passado durante o ataque das tropas de Israel.
“Na operação ‘Carros de Gideão I’, 41 soldados foram mortos e dezenas ficaram feridos, centenas, senão milhares, ficaram com sequelas psicológicas, e os reféns tiveram de passar mais alguns meses a sofrer e a passar fome nos túneis de Gaza, para garantir a sobrevivência de Netanyahu. Outra operação para continuar a guerra pela sobrevivência de Netanyahu não faz sentido. Isso coloca os reféns em perigo. O meu filho Nimrod, um soldado que foi sequestrado, continua a sofrer por causa das operações mirabolantes de Netanyahu e do seu governo”, afirmou ao Haaretz Yehuda Cohen.
“Estamos a apagar o Estado palestiniano”, diz Smotrich
O governo israelita deu luz verde à construção do colonato na Cisjordânia que irá cortar a ligação entre o norte e o sul daquele território. Os planos de construção de 3.400 casas para os colonos naquele território são antigos, mas foram adiados ao longo dos anos graças à pressão internacional, pois na prática irá pôr em causa a perspetiva de uma solução de dois estados, ao impedir a continuidade territorial do Estado palestiniano.
E o objetivo parece ser mesmo esse, a julgar pelas palavras do ministro das Finanças israelita Bezalel Smotrich, citado pelo Haaretz: “O Estado palestiniano está a ser apagado - não com slogans, mas com ações”, afirmou o governante da extrema-direita.
Smotrich nunca escondeu o objetivo de aumentar significativamente a população de colonos israelitas na Cisjordânia para atingir aquele objetivo. Há poucas semanas, disse que se iria “assegurar que em setembro os líderes hipócritas europeus não terão nada para reconhecer”, referindo-se aos anúncios de vários governantes de que estariam prontos para reconhecer o Estado da Palestina no próximo mês.