Palestina

Israel continua genocídio, milhares de israelitas assinam petições por cessar‑fogo

14 de abril 2025 - 21:07

Ataques continuam a matar em Gaza e colonos provocam na Mesquita de Al-Aqsa e noutros pontos da Palestina. Em Israel, petições a favor do cessar-fogo e do regresso de reféns juntam militares, incluindo dois ex-chefes de gabinete das Forças de Defesa de Israel e três ex-chefes da Mossad, para além de professores e pais.

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Hospital al-Ahli, na cidade de Gaza, depois do último ataque sionista.
Hospital al-Ahli, na cidade de Gaza, depois do último ataque sionista. Foto de MOHAMMED SABER/EPA/Lusa.

Os ataques aéreos e terrestres de Israel à Faixa de Gaza continuam a intensificar-se, com especial incidência em Khan Younis, no sul, nas últimas horas, onde um ataque em Khusa’a matou cinco pessoas, para além da cidade de Gaza, onde um ataque ao bairro al-Tuffah matou mais seis palestinianos, e da zona que tinha sido declarada como “humanitária” pelos sionistas de al-Mawasi.

No domingo, um dos alvos tinha sido o hospital al-Ahli, na cidade de Gaza. Aí, uma criança acabou por ser morta devido à interrupção dos cuidados médicos provocada pelo bombardeamento, gerando condenação internacional. Vários pacientes em estado crítico tiveram que ficar nas ruas durante o ataque com, pelo menos, dois mísseis que terão destruído o laboratório de genética, causado danos graves nos edifícios de farmácia e de emergência médica e danos colaterais em vários edifícios à volta, incluindo na Igreja de São Filipe, de acordo com a Diocese de Jerusalém. Já em outubro de 2023, um ataque às mesmas instalações de saúde terá vitimado cerca de 500 pessoas de acordo com o ministério da Saúde de Gaza.

De acordo com esta entidade, o número de pessoas confirmadamente assassinadas pelas forças militares sionistas subiu para 50.983, com 116.274, o que faz com que, o número de vítimas estimado seja já de 61.700, uma vez que aquele não inclui as pessoas que ficaram desaparecidas entre os escombros e cujos cadáveres não chegaram a ser recuperados.

Em Israel, colonos e extrema-direita ao ataque

Entretanto, centenas de colonos de extrema-direita, com o apoio de deputados sionistas e alguns rabis, e apoiados por soldados, voltaram a invadir a Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, o terceiro local mais sagrado do Islão, num ato de provocação.

Centenas de colonos fizeram também uma incursão ao sítio arqueológico de Sebastia, no norte da Cisjordânia, mais uma vez protegidos pelo exército, igualmente com intuitos provocatórios. E o mesmo aconteceu em Belém, na área das chamadas Piscinas de Salomão, onde invadiram a zona turística e encerraram estradas.

Para além deste tipo de ações, descreve a Al Jazeera, colonos “arrasaram vastas áreas de terras palestinianas e perseguiram pastores nas aldeias de al-Burj e Masafer Yatta, a sul de Hebron”.

A agência de notícias Wafa dá conta que também invadiram uma comunidade residencial no norte do Vale do Jordão e tentaram roubar gado.

Milhares assinam petições pelo cessar-fogo

De sinal contrário, segundo o Haaretz, é a tomada de posição de 1.525 atuais e antigos soldados do corpo blindado israelita que assinaram uma carta a pedir o fim imediato da guerra em Gaza e o regresso dos reféns.

A missiva, que tem também a assinatura de dois ex-chefes de gabinete das Forças de Defesa de Israel, Ehud Barak e Dan Halutz, defende que “a continuação dos combates já não serve os objetivos definidos para as Forças de Defesa de Israel no início da guerra” e que “é preciso agir imediatamente para trazer os reféns para casa”.

As tomadas de posição de militares têm-se sucedido ao longo da última semana, com reservistas e oficiais aposentados das forças aéreas a terem sido os primeiros a fazê-lo. Netanyahu tentou acabar com o movimento, alegando que este quer acabar com a sociedade israelita “a partir de dentro”, ordenando a destituição de todos os reservistas signatários que estejam ainda no ativo e considerando-o um “grupo extremista radical”. Ma o que é certo é que as tomadas públicas de posição deste género chegam agora da parte de pessoas insuspeitas como um grupo de 250 ex-figuras de topo da Mossad, os serviços secretos do país, no qual se incluem três ex-chefes da instituição, reservistas da unidade de elite dos serviços secretos militares, a Unidade 8200, e centenas de médicos.

Uma outra petição, esta assinada por 3.500 académicos israelitas, defende igualmente o regresso dos reféns a casa “sem demora” e o fim da guerra. Nela se pode ler que a guerra “serve em primeiro lugar interesses políticos e pessoais”, defendendo-se uma solução negociada que evite mais mortes.

Para além de uma petição de perto de 3.000 professores, que Avital Masterman, uma das promotoras e professora do ensino secundário de Tel Aviv, diz ao Haaretz ser “não apenas um apelo a um acordo mas também uma declaração educativa significativa sobre responsabilidade e moralidade humana”, também mil pais e encarregados de educação promoveram uma petição semelhante que defende que “pelo futuro dos nossos filhos e também pelo futuro dos nossos vizinhos, não aceitaremos educá-los numa guerra eterna”. Estes garantem que “não fecharão os olhos perante o assassinato de crianças, não cooperarão com a visão perigosa de que não há inocentes em Gaza, não permitirão o abandono dos reféns e não concordarão com a desumanização”.

Neste domingo à noite, centenas de pessoas, dezenas das quais familiares de reféns, protestaram à porta de Ron Dermer, o ministro encarregue das negociações. Cinco pessoas foram presas.