Gaza

Israel anuncia corte de eletricidade em Gaza, abastecimento de água em risco

10 de março 2025 - 13:36

Depois do corte do abastecimento de ajuda humanitária, o governo sionista tenta ganhar mais força à mesa da negociação através da retirada de condições de vida mínimas para os civis.

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Destruição em Beit Lahia, norte de Gaza.
Destruição em Beit Lahia, norte de Gaza. Foto de HAITHAM IMAD/EPA/Lusa.

O ministro da Energia de Israel, Eli Cohen, anunciou este domingo ter assinado uma ordem para cortar “imediatamente” o abastecimento de eletricidade na Faixa de Gaza. A decisão segue-se à da semana passada de cortar o abastecimento de ajuda humanitária ao território.

O governante sionista justificou que serão usadas “todas as ferramentas ao nosso dispor para trazer de volta os reféns e assegurar que o Hamas já não está em Gaza no dia a seguir [ao fim da guerra]”.

A maior parte da eletricidade do território já tinha sido cortada nas fases mais iniciais do processo de genocídio. Grande parte dos 2,3 milhões de habitantes sobrevivem com geradores a diesel. Mas com este corte total, um dos principais problemas que os palestinianos terão de enfrentar é o acesso à água potável já que as duas fábricas de dessalinização, fundamentais para o abastecimento, terão de deixar de funcionar. Cohen lançou também na mesma intervenção a ameaça de cortar o abastecimento de água.

Este segunda-feira, Hind Khoudary, repórter da Al Jazeera, confirmou que a fábrica de dessalinização de Deir el-Balah já estava a funcionar apenas com o auxílio de painéis solares e geradores mas que o combustível se estava a esgotar. A produção foi reduzida de 18.000 metros cúbicos de água, antes do corte de Israel, a 2.500, calculando-se que vai privar de água cerca de meio milhão de pessoas.

O gabinete de imprensa do governo de Gaza confirma que se está perante uma falta de água potável severa e acrescenta que a comida começa a faltar nos mercados, que o abastecimento de tendas para desalojados foi interrompido e que duplicou o número de pacientes no território sem acesso a medicamentos ou a material médico.

Na passada sexta-feira, o gabinete de direitos humanos das Nações Unidas tinha declarado que “qualquer recusa da entrada de bens necessários à vida de civis pode ser considerado uma punição coletiva”.

Ao mesmo tempo que o governo israelita jura querer erradicar o Hamas, espera-se que as conversações sobre o cessar-fogo, cuja primeira fase acabou a 1 de março, sejam retomadas esta segunda-feira no Qatar.