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Incursão israelita matou nove palestinianos em campo de refugiados

Nove palestinianos morreram e outros 20 ficaram gravemente feridos durante os tiroteios de quinta-feira, que tiveram início quando as tropas israelitas chegaram a várias entradas do campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia.
"Fiquei preso no meio da troca de tiros durante horas", disse ao Guardian o realizador palestiniano-neerlandês Sakir Khader, que se encontrava no local. "Foi de loucos. Havia snipers e drones e usaram uma retroscavadora para bloquear a rua, que destruiu vários carros e um local de convívio", disse o realizador, acrescentando que "tenho vindo à Palestina toda a vida e nunca tinha visto algo assim".
A ministra da Saúde da Palestina, Mai ai-Kaila, confrmou que a situação no campo de refuagiados é muito grave e acusou as tropas israelitas de impedirem as ambulâncias de chegar aos feridos.
Do lado das Forças de Defesa de Israel, dizem que a incursão no campo de refugiados foi uma operação resultante da recolha de informações sobre a presença de uma célula da Jihad Islâmica no local que se preparava para fazer ataques contra alvos israelitas.
O resultado deste ataque tornou-o no mais mortífero pelo menos desde 2005, quando as Nações Unidas começaram a registar o número de vítimas destas "operações militares". E provocou uma reação quase imediata, com rockets laçados a partir de Gaza e a resposta a surgir na forma de bombadeamentos por parte de Israel na madrugada desta sexta-feira.
Tensão aumenta após ano mais mortífero das últimas décadas
O aumento da tensão levou os Emirados Árabes Unidos, a China e a França a requererem um encontro à porta fechada do Conselho de Segurança da ONU. A Autoridade Palestiniana anunciou a suspensão da cooperação em matéria de segurança com Israel e o chefe da diplomacia dos EUA, Anthony Blinken, irá visitar Israel e a Cisjordânia no início da próxima semana.
Militares israelitas mataram mais de um palestiniano por dia em janeiro e continuam impunes
Depois de 2022 ter sido considerado o ano mais mortífero das últimas duas décadas para os palestinianos, com um número de vítimas mortais que varia entre as 144 contabilizadas pela ONG israelita B’Tselem e as 170 na contagem das autoridades palestinianas, 2023 começa pelo mesmo caminho, com mais de um morto por dia em janeiro pelas balas israelitas.
Apesar das tropas israelitas alegarem que as vítimas mortais são quase todas combatentes armados, uma investigação do jornal israelita Haaretz confirmou que do total de palestinianos assassinados no ano passado, menos de metade tinham consigo algo que pudesse ser considerado uma arma.
Na semana passada, segundo a RFI, a situação repetiu-se, com o exército a anunciar "um palestiniano abatido após tentar um ataque contra soldados oisraelitas em Silwad, perto de Ramallah". Mas a versão dos soldados de que se defenderam do atacante foi desmentida pelas imagens que rapidamente se espalharam pela internet. Elas mostram como a vítima é atordoada com gás lacrimogéneo e uma granada de luz e som e obrigada a sair do carro. Em seguida é rodeada por soldados e um deles atira a matar, com o filho da vítima a assistir a tudo.
Ao ver desmentida a sua versão, o exército anunciou a abertura de um inquérito, mas a impunidade dos soldados continua a ser a regra. Impunidade agora reforçada com a entrada em funções do governo mais à direita de sempre e que aposta no reforço da colonização e repressão contra os palestinianos.
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