Quando li pela primeira vez uma resenha de “A História de Mayta”, nos anos 80, decidi que deixaria de lado este livro de Mário Vargas Llosa. Eu tinha uma enorme admiração pelo escritor, já nesta altura lera algumas das suas primeiras grandes obras, como “Conversas na Catedral”, “Tia Júlia e o Escrevinhador”, “Pantaleão e as Visitadoras”. Mas também conhecia a sua evolução política para a direita. E, francamente, a história de um trotskista, homossexual, que se envolve numa desastrada aventura de criar um foco guerrilheiro nos confins da selva peruana não me cativava. A resenha dava a entender que o livro fazia uma caricatura pesada do seu personagem principal, e eu não estava disposto a perder o meu rico tempo a ler um escritor, por melhor que fosse, a gozar com as paixões revolucionárias de um abnegado militante, por mais caricatas que parecessem.
Desde essa data, li muitos outros livros de Vargas Llosa, até que tive de me render ao seguinte balanço: se há escritor que nunca me desiludiu foi ele. Não há um único livro de Llosa que não tenha gostado. Mais: há obras que considero verdadeiramente excecionais. Mais ainda: estou convencido de que, apesar de na sua vida cívica e política o Prémio Nobel peruano se mostrar um convicto reacionário, nada disso emerge na sua obra literária. Uma contradição que nem suspeito como a resolve, mas isso é um problema dele.
Na sua obra literária, o que transparece é um profundo conhecimento da história do socialismo e da esquerda (veja-se como ele descreve Flora Tristan em “O Paraíso na Outra Esquina”, ou da militância de esquerda em “Conversas na Catedral”, ou mesmo na “História de Mayta”), e a denúncia da crueldade e da barbárie praticada pelos impérios coloniais em África e na América Latina (como no recente “O Sonho do Celta”).
Por isso, quando um amigo que muito prezo insistiu que “História de Mayta” é um grande livro – sendo que esse amigo, tal como eu, começou a militar politicamente no trotskismo, decidi-me finalmente, quase 30 anos depois da publicação, a lê-lo. Não dei o tempo como perdido.
Episódio real
O livro parte de um episódio real: a tentativa fracassada de um pequeno grupo de revolucionários, dirigidos por um subtenente do Exército, junto com um líder da comunidade camponesa indígena (o verdadeiro Mayta) e um sindicalista trotskista que viera de Lima, apoiados por um punhado de estudantes liceais. Tomaram a cidade de Jauja, no centro do país e nas alturas da cordilheira andina, prenderam todos os polícias, arrebanharam-lhes as armas, arrebentaram o posto dos correios para deixar o local sem telecomunicações, assaltaram os dois bancos locais e partiram em direção à selva, onde pretendiam estabelecer um foco guerrilheiro. Se tivessem conseguido chegar à selva, talvez tivessem tido sucesso; mas não chegaram. A polícia conseguiu cortar-lhes o caminho e o subtenente Vallejos e o líder indígena Mayta morreram no tiroteio.
Vargas Llosa tinha lido a notícia desta aventura nas páginas do Le Monde, em 1962, quando vivia em França, uma notinha de seis linhas, e ficou atónito. Nessa altura nem se sonhava que alguma coisa desse tipo jamais pudesse acontecer no Peru. Ficou com a ideia de um dia investigar o episódio e escrever sobre ele. E, passados muitos anos, foi exatamente o que fez.
O escritor tem um método particular de trabalhar os seus romances históricos: não escreve reportagens, nem livros de história. Escreve romances: fantasias, “mentiras”, como ele mesmo diz. Mas faz uma investigação rigorosa do episódio em que se baseia, “para poder mentir melhor”, como explica várias vezes no próprio livro. E, quando começou a investigar o episódio de Jauja, a entrevistar as pessoas que tinham tido alguma coisa a ver com ele, chegou rapidamente à conclusão de que era impossível estabelecer com rigor o que efetivamente acontecera, tão contraditórias eram as versões que ouvia. A tarefa mostrou-se tão árdua, e o resultado tão incerto, que Vargas Llosa decidiu tornar a investigação como um componente central da narrativa. Mas se a própria investigação entrava no romance, então também tinha de deixar, ela própria, de ser verdadeira.
Investigação e escritor passaram assim a ser parte da fantasia, da “mentira” de Llosa. Temos pois um romance sobre a tentativa insurrecional de Jauja e sobre a investigação que dela fez um escritor 25 anos depois. As duas narrativas cruzam-se constantemente e criam a estrutura básica do livro. Num parágrafo o escritor entrevista um protagonista do episódio, no seguinte já podemos estar mergulhados no relato do episódio a que se referia a entrevista, para logo voltar a ela.
Mayta, o revolucionário
Só que Vargas Llosa não poupa as “mentiras”. No romance, o episódio é ainda mais percursor do que foi na realidade: o escritor situa-o quatro anos antes, em 1958, para ocorrer antes da revolução cubana. Alejandro Mayta não é um líder indígena, mas sim o militante trotskista, membro do POR (T), que acabou de surgir de uma rutura do POR. O (T), adivinharam, é a inicial de trotskista. No momento em que começa a narrativa, Mayta já é um militante veterano, tem 40 anos e uma vida totalmente dedicada à revolução. Mora num quartinho alugado, ganha a vida fazendo traduções do francês para o espanhol na agência France Presse, mas num regime totalmente livre, sem horário, para se poder dedicar quase integralmente à militância. Ganha muito pouco, portanto.
Criança ainda, Mayta era católico convicto e ficou famoso por decidir que viveria exatamente com o mesmo regime alimentar dos pobres. De tal maneira que foi parar no hospital, porque quase não comia. Na adolescência começou a entender a origem da pobreza, e foi passando do nacionalismo ao Partido Comunista, até chegar ao trotskismo, sempre em busca da maior coerência revolucionária possível.
Mayta passou por vários partidos, sim; mas não é um militante volúvel. É fiel à sua própria consciência revolucionária, e aberto a repensar a sua prática desde que isso o aproxime mais da almejada revolução socialista. No dia a dia, desdobra-se a escrever o jornal, Voz Operária, acompanhar a impressão, vendê-lo e participar de inúmeras reuniões na garagem que serve de sede o POR (T), que ficou com sete militantes e umas dezenas de simpatizantes depois da cisão.
Um dia, na festa de aniversário da madrinha, conhece o jovem subtenente Vallejos e fica fascinado quando o ouve falar abertamente da revolução socialista, não como uma coisa longínqua, mas como algo que se podia concretizar a curto prazo. Mayta vê-o como um ingénuo romântico, sem qualquer formação política, mas admira-lhe o ardor, a frescura das suas convicções. Do alto da sua experiência militante, questiona-se se ele próprio não terá perdido esse entusiasmo, esse fervor, enterrados no dia a dia da rotina de um militante num pequeno e isolado partido.
Desse dia, nasce uma relação de amizade e de confiança. Mayta começa a dar a Vallejos formação de marxismo, sempre que o militar vem a Lima. E, um dia, este fala-lhe no seu plano revolucionário de tomar Jauja e partir para a selva, depois de ter expropriado os bancos e ter recolhido dezenas de armas que seriam distribuídos pelos camponeses. Mayta hesita muito, mas acaba por conseguir autorização do POR (T) para averiguar melhor o plano, e aceita viajar a Jauja e falar com os protagonistas. Na pequena cidade, que foi a primeira capital do Peru, tonto pelo soroche, o mal das altitudes, descobre que o subtenente tem ligações com um professor marxista local, que dá cursos de formação a um punhado de entusiastas estudantes de liceu, e que tem fortes relações com líderes indígenas camponeses, todos comprometidos com o plano. Em tantos anos dedicados à militância, nunca conseguira organizar tanta gente – e gente ligada a lutas concretas – como aquele jovem militar que se definia a si mesmo como um pragmático, um homem de ação. É então que Mayta perde as hesitações e decide participar do plano revolucionário de alma e coração.
Sem entrar em pormenores da história, a aventura de Jauja começa a correr mal logo de início; apesar de tudo, o punhado de revolucionários consegue cumprir todos os primeiros objetivos mas, quando a parada já parecia ganha, cai sob as balas da polícia. Vallejos e os líderes indígenas morrem, mas Mayta é preso com vida.
Ficamos depois a saber que o revolucionário cumpriria quatro anos de prisão até beneficiar de uma amnistia, voltaria a ser preso, acusado de sequestro e assalto a bancos, acusações que ele sempre negaria. O capítulo final é o encontro do escritor e Mayta, onde ficamos a saber que ele abandonou a militância, não por ter renegado as suas ideias, mas, de certa forma, por se manter coerente com elas.
Sublinhe-se que em nenhum momento Vargas Llosa cede à caricatura. Até as reuniões do POR (T), incluindo a fatídica que decide pela expulsão de Mayta, são perfeitamente verosímeis, e quem já tenha militado em organizações muito pequenas encontrará certamente semelhanças. Por outro lado, todos sabemos que o desespero por obter resultados rápidos levou milhares de ardorosos militantes à luta armada na América Latina, com resultados tão maus ou piores do que aquela aventura fracassada na cordilheira peruana.
A estrutura ao serviço da história
O escritor chileno Roberto Bolaño disse uma vez que o romance clássico já morreu. Que hoje em dia já não faz sentido escrever um romance “sem estrutura, sem cruzamento de vozes, sem jogo”. Esta visão de uma narrativa diferente , de um romance de estrutura complexa, foi posta em prática por muitos escritores latino-americanos antes de Bolaño. Talvez o mais radical tenha sido Julio Cortázar, em Rayuela, que oferece ao leitor duas formas completamente diferentes de ler o livro: uma linear, a outra seguindo uma embrenhada sequência de capítulos cujo mapa é fornecido pelo autor logo no início. Carlos Fuentes, em “A Morte de Artémio Cruz” usa uma estrutura complexa com uma tal mestria que há vários livros de teoria literária só dedicados à estrutura dessa obra.
A narrativa de “A História de Mayta” é de uma complexidade enorme e, no entanto, parece muito simples. O leitor logo se habitua aos constantes saltos temporais, e a certa altura até já espera por eles, consegue até adivinhar quando ocorrem. E tudo o mais parece de uma enorme simplicidade. Mas não é. Vargas Llosa consegue o milagre de usar uma estrutura narrativa muito complexa, mas que está montada a serviço de melhor contar a história, de tal forma que o leitor quase não dá por ela.
Vejamos como tudo funciona. Como dissemos, há dois planos temporais. Num, o narrador é o escritor, e relata, na primeira pessoa, as sucessivas entrevistas que vai fazendo na investigação, para tentar descobrir o que realmente se passou. Os passos do escritor são relatados cronologicamente e, por isso, o autor usa o tempo presente. Tanto a primeira pessoa quanto o uso do presente dão ao leitor uma sensação de maior intimidade com o escritor, de estar a acompanhar a par e passo uma investigação “real”. Por outro lado, o relato da história propriamente dita, é feito no tempo passado e na terceira pessoa.
Mas que relato é esse? A princípio, parece o relato “real” do que se passou; mas logo o leitor se dá conta que aquilo não podem ser os acontecimentos reais, pela simples razão de que a investigação nos revela muitas versões contraditórias. Assim, o relato dos acontecimentos nada mais é do que a interpretação, ou a escolha que o escritor faz no seu relato. Numa palavra: o que o leitor está a ler nada mais é que o livro que está a ser escrito, e que, como já vimos, são as “mentiras” do escritor.
Para complicar ainda mais, há momentos em que a narrativa abandona a terceira pessoa e passa para a primeira, denunciando duas coisas: uma identificação crescente do escritor com o seu personagem principal, e alguma aparente inépcia – estas passagens da terceira para a primeira pessoa, sempre a voz do próprio Mayta, são aleatórias, não formam um padrão, como se acontecessem por entusiasmo e distração do escritor. Um leitor menos atento nem se dará conta, provavelmente, de que isto acontece.
Mas e quem é este escritor-personagem? É Vargas Llosa? Também não. É, por sua vez, um personagem de ficção, inventado, que vive num Peru que não existe. No plano temporal do “presente”, isto é, nos anos 80, quando o livro foi escrito, o Peru em que vive o escritor-personagem é um país conflagrado pela guerra civil, em que os políticos e a elite do país anda armada e protegida por guarda-costas, um Peru apocalíptico, onde o lixo se acumula por todo o lado, até no bairro mais “fino” de Lima, Barranco, um Peru mais desigual e miserável ainda do que é na realidade. À medida em que progride a investigação do escritor-personagem, os acontecimentos neste Peru distópico vão-se precipitando: os revolucionários tomam Cuzco e hasteiam bandeiras vermelhas por toda a cidade, mas são bombardeados pela força aérea, que provoca milhares de mortos. Finalmente, a guerra civil internacionaliza-se, o país é invadido, por um lado, por forças cubanas e bolivianas, e por outro pelo Exército americano estacionado no Equador.
Tudo é “mentira”, portanto: escritor, investigação, relato, plano atual e plano passado. São fantasia, são romance. E, no entanto, a aventura de Jauja existiu, e o escritor Mario Vargas Llosa procurou efetivamente apurar o que tinha acontecido. Só que optou, como dissemos no início deste texto, por tornar a própria investigação como parte do romance, e o escritor como mais um protagonista deste.
O “verdadeiro” Mayta
Toda esta estrutura complexa é tecida de forma a envolver melhor o leitor na história, aumentando a profundidade da sua ligação aos personagens, a sua identificação com os protagonistas escritor e Mayta. A complexidade, o virtuosismo da técnica narrativa estão totalmente ao serviço deste objetivo e serão tanto mais eficazes quanto o leitor não dê por eles. Técnica narrativa e história contribuem para criar ao leitor uma enorme ansiedade ao chegar ao último capítulo, onde se dará finalmente o encontro entre o escritor e Mayta, mais de vinte anos depois da tentativa insurrecional de Jauja.
É neste último capítulo que todos os enigmas são revelados e o leitor não fica dececionado. Mas é igualmente revelado o artifício usado por Vargas Llosa em todo o livro. Porque o escritor, que continua a ser o narrador, deixa de ser o personagem do romance e passa a ser o próprio escritor. O Peru já não é de fantasia, e é o próprio escritor – que se depreende que desta vez seja o próprio Vargas Llosa – que diz a Mayta que situou a história num Peru inexistente, num país de Apocalipse.
O Mayta “real”, entretanto, é um homem que deixou de ser ativo politicamente, tem mais de 60 anos, saiu há pouco da prisão, está casado, tem quatro filhos, trabalha numa gelataria e é forçado a ir permanentemente à casa de banho porque sofre de um problema nos rins. Mora num “pueblo joven” – o eufemismo para não dizer bairro de lata, ou favela –, e tem de apanhar três autocarros para ir de casa ao centro da cidade, onde fica a gelataria.
Fica assombrado quando se apercebe que o escritor passou o último ano inteiro a investigar o episódio que durou menos de um dia, embora tenha marcado de tal forma a sua vida. Mas logo adianta que o escritor deve saber mais que ele o que aconteceu. Por um lado, há muitas coisas que já não recorda. Por outro, há acontecimentos que nem ele sabe como ocorreram exatamente. Por exemplo, a ausência de uma série de pessoas que se teriam comprometido com a ação e não apareceram, não significava que tinham desertado. O que teria ocorrido é que o subtenente antecipara a data sem avisá-los. Era possível que ele tivesse cometido tal erro? O próprio Mayta não sabia e Vallejos estava morto.
Um momento particularmente revelador do encontro é aquele em que o escritor diz ao homem em que se inspirou para criar o protagonista, que, no romance, Mayta é homossexual. Ele fica espantado e pergunta porquê. O escritor responde que nem ele sabe muito bem, mas talvez para pôr em evidência a contradição entre os objetivos revolucionários e o preconceito que ainda permanecia, no seio da própria esquerda, contra os “maricones”. Mayta responde-lhe que é um homem de poucos preconceitos, mas que de facto os tem em relação aos homossexuais, devido ao papel que eles cumpriam na penitenciária onde ele passou parte da sua vida.
A sensação de que finalmente o que é dito neste último capítulo é a verdade, é o real, que a ficção, as “mentiras” foram postas de lado, contribui para aumentar o interesse do leitor. Revela-se assim, no seu esplendor, a eficácia da técnica narrativa usada durante todo o romance. Tudo parece, finalmente, real: a verdade revelada, a autêntica história de Mayta.
Poucos leitores acabarão por saber que, mais uma vez, caíram na astúcia de Vargas Llosa. Que aquele Mayta – o da investigação-ficcionada e o do último capítulo – não existiram. O Mayta real do episódio de Jauja era um dirigente indígena que foi morto pela polícia, junto com Vallejos, e o militante revolucionário de Lima era um sindicalista de nome Jacinto Rentería – um nome que em nenhum momento é mencionado no livro de Llosa.
Nada disto, evidentemente, tira o brilho ao livro, antes pelo contrário – um romance histórico não é um exercício de história nem de jornalismo. E quando o leitor, que foi posto na expectativa de que os últimos fios soltos da história serão atados, que tudo vai ser esclarecido no último capítulo, começa a desconfiar que afinal nada será esclarecido, surge a revelação mais importante de todas: os motivos que levaram o velho militante a abandonar a atividade revolucionária. Há, evidentemente, uma dose de cansaço, de doença, o peso da família finalmente constituída. Mas há uma causa mais profunda: Mayta viu-se num beco sem saída, não porque tenha abdicado da sua pureza revolucionária, mas justamente por se ter mantido fiel a ela. É com este final inesperado que termina esta grande obra. O protagonista, trotskista, revolucionário, intransigente, que se tornou um trabalhador comum, vergado pelo peso dos anos passados na cadeia, forçado a trabalhar arduamente para sustentar a família, um homem envelhecido, doente, que só lamenta nunca ter conseguido sair do Peru, não se arrepende da sua militância. A tentativa de Jauja poderia ter dado certo, insiste, dando como o exemplo o número exíguo de revolucionários que desembarcaram do Granma em Cuba. Mayta só desistiu porque se viu traído pelos próprios companheiros, quando estes se desviam da ação revolucionária e se tornam em criminosos comuns. E para se protegerem, traem Mayta, certos de que ele nunca os delataria.
A vitória da Revolução cubana provocou em toda a América Latina uma onda de entusiasmo e multiplicaram-se as iniciativas de luta armada. Os resultados foram desastrosos. Milhares de militantes, revolucionários dedicados, encontraram a morte por se envolverem na aventura da criação artificial de focos guerrilheiros que não contavam com o apoio de qualquer setor social significativo. Na maior parte das vezes, procuravam um atalho para chegar mais depressa à revolução. Tal como Mayta, iludiram-se e pagaram caro. Não é isso que Vargas Llosa pretende discutir com o livro, e sim a questão da violência – de acordo com entrevistas que deu quando “História de Mayta” foi lançado.
Mas uma obra quase sempre supera a interpretação do seu criador. Principalmente se é uma grande obra. “História de Mayta” não é uma caricatura da luta revolucionária e dos revolucionários, nem é uma crítica corrosiva aos trotskistas. Mais do que uma história sobre a violência, em abstrato, “História de Mayta” é uma homenagem sensível e tocante a todos os homens que se mantêm fiéis aos seus princípios, mesmo que tenham de pagar muito caro por isso.