Mariana Mortágua visitou esta segunda-feira a república Bota Abaixo, em Coimbra, onde conversou com estudantes e ouviu sobre os seus problemas, sobretudo no acesso à habitação. A coordenadora do Bloco de Esquerda considera que a habitação é hoje “um fator de exclusão dos jovens do acesso à universidade”.
“Os estudantes estão remetidos para quartos sem condições de salubridade, de conforto e de qualidade de vida”, explicou a dirigente bloquista. “E isto porque as casas que poderiam servir para residências e habitação estudantil, estão a ser ocupadas por alojamento local, por hotéis, por condomínios de luxo”.
À margem do encontro, Mariana Mortágua sublinhou aos órgãos de comunicação social que o problema repete-se noutras cidades do país. “Cidade após cidade, todos os jovens se confrontam com o mesmo problema, e nós somos confrontados com a triste evidência de que Portugal investe mais no turismo do que na habitação para jovens”.
A dirigente do Bloco de Esquerda acusou a preferência do governo pelo turismo de “marcar gerações” porque se está a impedir “o acesso de milhares de pessoas a um ensino de qualidade só porque não conseguem aceder à habitação” e porque não há poder político “disponível para combater a especulação”.
Segundo o observatório do Alojamento Estudantil, há cerca de 521 quartos disponíveis para estudantes no concelho de Coimbra, mas o valor médio da renda é de 270 euros. Um valor que aumentou 62 euros em dois anos. Já em Lisboa, o valor médio de um quarto é 485 euros, valor que em dois anos aumentou 85 euros. Nesta cidade, nota-se também uma acentuada descida da oferta entre fevereiro e dezembro deste ano. Mais a norte, no Porto, o preço médio de um quarto ter-se-á mantido e reduzido ligeiramente nos últimos dois anos, mas continua nos 390 euros. Em Braga, um quarto tem o preço médio de 325 euros, tendo-se registado uma subida de 75€ desde agosto de 2022.
Para esta crise, Mariana Mortágua apontou soluções de curto, médio e longo prazo. A longo prazo a solução para o alojamento estudantil poderá passar pela construção mas “dependendo das cidades pode não ser o mais adequado”, uma vez que há cidades onde o parque público em desuso é extenso. “Há edifícios públicos que poderiam estar a servir residências e habitações e não estão”, explicou a coordenadora bloquista, que também referiu que podem ser requisitados hotéis para serem usados como alojamento estudantil.
Entre outras soluções de longo prazo, a dirigente do Bloco de Esquerda apontou também para a limitação do alojamento local e das rendas, bem como a resolução do problema dos contratos informais de habitação, onde admitiu haver “uma política de extorsão”, onde “quanto maior é a necessidade de uma casa, maior é o poder de exploração sobre as pessoas”.