O “gabinete de proteção da soberania” húngara, estabelecido em dezembro de 2023, tem acusado vários órgãos de comunicação social de estarem a prejudicar o interesse nacional da Hungria. O líder do gabinete, que é próximo do partido de Victor Orbán, admite estar a investigar a Transparency International Hungary, uma ONG dedicada ao combate à corrupção, e o Átlátszó, um órgão de comunicação social que é conhecido pelo seu jornalismo de investigação sobre a corrupção do Governo.
Em relatórios públicos, o órgão acusa notícias que citam a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen ou o presidente Checo Petr Pavel de serem narrativas de desinformação ocidentais. Vários dos alvos desses relatórios têm tido posições vocais contra a proximidade do Governo húngaro a Vladimir Putin.
O Governo húngaro insiste na narrativa de que os grupos da sociedade civil e os órgãos de comunicação social que se opõem à sua governação têm recebido financiamento externo de forma dúbia, com o objetivo de afetar negativamente a sociedade húngara. E que essas organizações, que se identificam de formas diferentes, são grupos que exercem pressão política sobre a sociedade. Os órgãos de comunicação social defendem-se dizendo que o financiamento que recebem vem de países aliados da Hungria e da União Europeia.
A própria criação do gabinete de proteção da soberania já foi polémica, uma vez que surgiu como um órgão com acesso às informações dos serviços de inteligência sem supervisão jurídica. O seu objetivo declarado é monitorizar a influência externa no seio da Hungria, mas na prática está a servir como forma de colocar pressão sobre os opositores ao regime de Orbán.
A União Europeia anunciou em Fevereiro que iria tomar ação judicial contra a Hungria devido à criação deste gabinete.