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“Governo falha quando não diz que as pessoas valem mais do que as patentes”

No debate sobre renovação do estado de emergência, Pedro Filipe Soares defendeu que este deve ser “o último neste período”. Acusou ainda o Governo de falhar ao não defender o levantamento das patentes das vacinas enquanto está à frente do Conselho da União Europeia.
Pedro Filipe Soares no debate sobre o estado de emergência. Foto de Tiago Petinga/Lusa.
Pedro Filipe Soares no debate sobre o estado de emergência. Foto de Tiago Petinga/Lusa.

Numa altura em que o país está em processo de desconfinamento, este deverá ser o último estado de emergência neste período. Foi o que defendeu Pedro Filipe Soares esta quarta-feira durante o debate parlamentar sobre mais uma renovação do estado de emergência, esclarecendo ainda que o partido “nunca negou” no passado nem “nega agora” a necessidade de um estado de emergência.

O líder parlamentar bloquista sublinhou que o horizonte tem “algumas nuvens negras às quais não podemos deixar de prestar atenção” como o número de novos casos que “continua a teimar em não descer”. Mas os serviços de saúde, cuidados intensivos e internamento “estão hoje muito melhor do que estavam há algum tempo atrás” e essa, crê, deve ser “a única bitola perante a qual nós devemos ter uma resposta”, ao contrário do Governo que escolheu ter um mapa com o RT e a incidência por cem mil habitantes como variáveis centrais para avaliar o desconfinamento.

Pedro Filipe Soares manifestou-se ainda contra a “banalização do estado de emergência”, que “é algo que uma democracia não pode aceitar” e insistiu que o Bloco viabilizou os anteriores “sempre com sentido critico” porque dizia que o “país não podia ficar para trás” e que “tantas vezes o Governo não soube estar à altura”. Com isto quis dizer, por exemplo, que “o Governo testa menos do que deveria” e que há “dificuldades na vacinação” que são “criadas por escolhas políticas” que “continuam a deixar aos gigantes das multinacionais farmacêuticas todo o lucro e todo o poder sobre as patentes”.

“Quando Portugal está à frente da União Europeia, quando tem uma voz que no espaço europeu pode e deve ser escutada, falha quando não diz que as pessoas valem mais do que patentes e que a vida humana vale muito mais do os lucros destas multinacionais”, disse.

O dirigente bloquista teve tempo ainda para criticar um Governo que “não tem feito tudo o que poderia ter feito” num momento em que “a crise social se vai adensando”. E que “em vez de centrar a sua atenção na resposta às pessoas”, o Governo decidiu “fazer uma guerra” e “um jogo político absolutamente dispensável” com o Parlamento por causa dos apoios sociais. Para Pedro Filipe Soares, é o próprio Governo que reconhece que se trata de um jogo político quando “ainda há dias enviou para promulgação decretos que realçam e reforçam” o que a Assembleia da República tinha promulgado.

Governo tenta impedir o apoio a quem mais precisa”

Antes desta discussão, o deputado Moisés Ferreira participou no debate sobre o relatório do estado de emergência e já tinha também criticado o Governo por, “numa altura em que a pobreza e as desigualdades se agudizam”, ter tentado “impedir o aumento dos apoios sociais”.

O responsável pela área da saúde na bancada parlamentar bloquista também acusou o executivo de “alinhar com os interesses das farmacêuticas ao invés de tomar uma posição para acelerar a produção e distribuição das vacinas.

Para ele, o Governo “continuou a marcar passo” igualmente no que toca ao plano de vacinação e à testagem. Portugal “é dos países da União Europeia que menos testa”, mas “para compensar”, o seu Governo é o “que mais anuncia que vai testar a população”, ironizou Moisés Ferreira.

A ministra da Saúde, em resposta, pretendeu negar o baixo nível de testagem do país em comparação com o resto da UE. Foi nas suas redes sociais que o deputado teve oportunidade de contrariar Marta Temido através da notícia que revela que o país se encontra no 19º lugar em termos de testagem diária no espaço comunitário.

 

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