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Glifosato pode aumentar risco de cancro do sangue

Glifosato pode estar associado a um risco acrescido de linfoma não-Hodgkin, uma forma de cancro do sangue, revela novo estudo. Conclusões deverão alimentar batalha judicial em torno do glifosato.
Campanha anti-glifosato. Foto de Global Justice Now/Flickr.
Campanha anti-glifosato. Foto de Global Justice Now/Flickr.

O glifosato continua a alimentar grandes controvérsias científicas e políticas quanto aos seus efeitos na saúde, particularmente o seu risco carcinogénico. Um novo estudo que associa o herbicida a um risco acrescido de cancro do sangue junta-se agora à controvérsia, e será seguramente invocado nos processos judiciais que se acumulam nos tribunais em torno do herbicida mais usado no mundo.

O artigo "Exposure to Glyphosate-Based Herbicides and Risk for Non-Hodgkin Lymphoma", em pré-publicação na revista Mutation Research, é assinado por investigadores das universidades de Berkeley e Washington. Trata-se de uma meta-análise, ou seja uma análise que reúne e sistematiza os dados de seis estudos anteriores de forma a obter uma estatística agregada para uma variável de interesse — no caso, o risco pela exposição ao glifosato de contrair linfoma não-Hodgkin.

A conclusão mais sonante do estudo é que a exposição elevada ao herbicida pode aumentar em 41% o risco de linfoma não-Hodgkin, termo que agrupa vários cancros do sangue. Estes linfomas não são o tipo de cancro mais frequente, mas afetam ainda assim cerca de 1700 pessoas por ano em Portugal.

Em agosto do ano passado, a Monsanto, empresa com as marcas mais famosas de glifosato como a Roundup, perdeu em tribunal um processo contra DeWaine Johnson, um jardineiro numa escola da Califórnia que sofria de linfoma não-Hodgkin e atribuiu a sua condição à exposição a glifosato no trabalho. A Monsanto foi condenada na altura a pagar 289 milhões de dólares a Johnson, mas após recurso o valor foi reduzido para 78 milhões. Foi uma decisão que encorajou a abertura de mais processos judiciais, que se acumulam por todo o mundo.

A evidência científica é uma arma fundamental nesses processos mas será muito disputada, pois se algumas instituições reconhecidas classificam o glifosato como potencialmente carcinogénico, como fez em 2015 a Agência Internacional para a Investigação sobre Cancro (IARC), uma agência da Organização Mundial de Saúde (OMS); outras há que continuam a manter não haver provas suficientes para essa classificação, como a própria OMS.

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