O fim definitivo da central nuclear de Almaraz, detida pela Iberdrola, Endesa e Naturgy já esteve anunciado para 2010 e 2020. O atual governo espanhol prometeu para 2028 o fim da central nuclear mais antiga de Espanha, a apenas 110 quilómetros da fronteira portuguesa e que usa as águas do Tejo para refrigerar os reatores.
As empresas têm pressionado o executivo de Pedro Sánchez para adiar esta data, bem como a das outras duas centrais nucleares com fim previsto nos próximos anos, a Ascó I na Catalunha e a Cofrentes na Comunidade Valenciana. E na semana passada o Partido Popular fez aprovar no Senado uma emenda à lei de mobilidade sustentável, permitindo às empresas solicitar ao Governo nova autorização para as centrais poderem continuar em funcionamento.
A lei vai regressar ao Congresso esta quinta-feira e da sua aprovação depende o financiamento europeu de dez mil milhões de euros. O Podemos e a Alianza Verde já pediram à Mesa do Congresso para travar esta alteração, mas o El Pais cita fontes parlamentares e do Governo que dizem que isso não é possível porque a alteração não tem implicações orçamentais.
Tudo depende agora da posição dos diversos grupos parlamentares. O PSOE votou contra a emenda no Senado mas tem sofrido pressões das elétricas e o seu candidato à presidência da Junta de Extremadura defende a continuidade da central. Mesmo que mantenha o voto contra, a decisão final está nas mãos do partido do exilado ex-líder do Governo da Catalunha, Carles Puigdemont. O Junts anunciou recentemente o seu corte com a maioria que suporta o Governo, mas não deverá chumbar a lei que negociou com o executivo ainda antes do seu anúncio. O facto de uma das centrais se situar na Catalunha e a proximidade deste partido aos interesses patronais poderão pesar na decisão.