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Facebook deu acesso a dados de utilizadores às grandes tecnológicas
As gigantes de Sillicon Valley estão entre as cerca de 150 empresas que negociaram com o Facebook o acesso aos dados de utilizadores desta rede social, nalguns casos incluindo as mensagens pessoais. A dimensão da partilha de dados sem o consentimento expresso dos seus utilizadores é muito maior do que se suspeitava, revela o New York Times.
A investigação publicada esta quarta-feira diz que estes acordos eram prática corrente desde 2010. E continuaram a vigorar até este ano, bem depois dos escândalos à volta das quebras sucessivas da privacidade dos utilizadores do Facebook.
1. Facebook deals in data
2. Facebook’s largest partners got far more access than Cambridge Analytica did
3. Facebook never directly told users that it was sharing this data
4. Facebook was sloppy
5. Regulators let it happenhttps://t.co/D63wEpzEIn— The New York Times (@nytimes) December 19, 2018
Na maioria destas parcerias entre o Facebook e as empresas, a plataforma liderada por Mark Zuckenberg não pediu o consentimento dos seus utilizadores para que as empresas tivessem acesso aos seus dados pessoais e à da sua rede de contactos.
Em comunicado, o Facebook diz que essa partilha de dados serviu para que os utilizadores pudessem integrar os seus serviços em aparelhos e plataformas e “terem mais experiências sociais - como verem as recomendações dos seus amigos do Facebook — noutras aplicações e sites populares”, como a Netflix, Pandora, Spotify… ou o próprio New York Times. Ao serem obrigados a fazer o login do Facebook dentro das aplicações ou sites das empresas parceiras, o Facebook entende que isso representa o consentimento para a partilha dos seus dados.
Procurador de Washington avança com acusação contra Facebook
Esta quarta-feira, o Procurador Geral da capital norte-americana anunciou uma acusação contra o Facebook por ter permitido que os utilizadores descarregassem uma aplicação da Cambridge Analytica que recolhia informação pessoal sem que alguém se apercebesse.
A recolha de dados da Cambridge Analytica serviu depois para manipular os debates eleitorais nos EUA e no referendo do Brexit. O escândalo vai acabar nos tribunais de Washington, com o Procurador a reclamar 5 mil dólares por cada um dos 340 mil residentes em Washington afetados pela recolha de dados, número que inclui os amigos dos 852 habitantes que fizeram o download da aplicação. Ou seja, só neste processo a empresa arrisca-se a pagar 1.700 milhões de dólares em multas por ter “permitido abusos como o que expôs os dados de quase metade dos residentes da região à manipulação com fins eleitorais na eleição de 2016”.
Após instalar a aplicação da Cambridge Analytica, o utilizador respondia a um questionário sobre a sua personalidade, enquanto a empresa acedia em segredo aos dados de todos os amigos do utilizador no Facebook. A empresa de Zuckerberg “demorou mais de dois anos a revelar isso aos seus consumidores”, aponta o comunicado do Procurador Karl A. Racine.
#BREAKING: Today I sued Facebook for failing to protect the privacy of millions of its users and deceiving them about who had access to their data and how it was used: https://t.co/UDvYhrWH3I pic.twitter.com/6Eqk2LqyJ4
— AG Karl A. Racine (@AGKarlRacine) December 19, 2018
A acusação diz que o Facebook enganou os utilizadores acerca da segurança dos seus dados, não vigiou a utilização dos dados por parte de aplicações de entidades terceiras, dificultou o controlo por parte dos utilizadores das definições dessas aplicações e não se assegurou que os dados obtidos ilegalmente tinham sido apagados, optando por acreditar na palavra da Cambridge Analytica em como o teria feito.
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