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“A extrema-direita não ascenderia sem fake news”

A declaração é de Branco di Fátima, jornalista e doutor em comunicação que estudou a forma como a rede virtual de computadores afetou o ativismo político nos últimos 30 anos.
Fotografia: Maria Silvério/Divulgação
Fotografia: Maria Silvério/Divulgação

Segundo uma entrevista publicada no Diário de Pernambuco, di Fátima, que se dedicou a um estudo que resultou na obra “Dias de Tormenta: os movimentos de indignaçã que derrubaram ditaduras, minaram democracias no mundo e levaram a extrema-direita ao poder no Brasil” (Geração Editorial), afirmou que a ascenção da extrema-direita está intrinsecamente ligada à forma como esta espalha notícias falsas pelo mundo, através da Internet.

O autor também ouviu manifestantes e ativistas de diferentes partes do mundo, além de estudiosos e investigadores do fenómeno referido. Teve acesso a documentos do WikiLeaks, e-mails confidenciais e telegramas diplomáticos vazados, assim como a relatórios sobre espionagem de governos. Para além disso, reuniu informações de grupos de hackers da deep web, segundo o jornal mencionado.

Branco Di Fátima conversou sobre o panorama do ativismo na internet nos últimos 30 anos, os desdobramentos da Primavera Árabe, as Jornadas de Junho de 2013 no Brasil e a ascensão da extrema-direita, com a criação de fake news e bots para manipular a esfera pública.

No decorrer da entrevista, di Fátima afirmou que “a extrema-direita não acenderia sem fake news”. Segundo a sua pesquisa, a extrema-direita “ofere soluções simples para problemas muito complexos”, que “se espalham através das fake news”. “Nós sabemos que as notícias falsas sempre existiram, mas com as redes sociais ganharam novas características. Em primeiro, tornaram-se muito complexas, difíceis de serem desmascaradas. Em segundo, conseguem propagar-se a uma velocidade muito mais rápida. Por último, são muito sensacionalistas, então as contrainformações são menos fortes”, afirmou.

Para além disso, os bots “têm papéis fundamentais, pois influenciaram nas eleições recentes de vários países e até mesmo no Brexit”, afirmou Branco di Fátima.

Branco di Fátima é jornalista e escritor. Doutorou-se em Ciências da Comunicação pelo ISCTE-IUL. É autor do livro Ruas Vazias de Gente (2007) e coorganizador das obras Internet: Comunicação em Rede (2013) e Outros Olhares: Debates Contemporâneos (2008).

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