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“A extrema-direita não ascenderia sem fake news”
Segundo uma entrevista publicada no Diário de Pernambuco, di Fátima, que se dedicou a um estudo que resultou na obra “Dias de Tormenta: os movimentos de indignaçã que derrubaram ditaduras, minaram democracias no mundo e levaram a extrema-direita ao poder no Brasil” (Geração Editorial), afirmou que a ascenção da extrema-direita está intrinsecamente ligada à forma como esta espalha notícias falsas pelo mundo, através da Internet.
O autor também ouviu manifestantes e ativistas de diferentes partes do mundo, além de estudiosos e investigadores do fenómeno referido. Teve acesso a documentos do WikiLeaks, e-mails confidenciais e telegramas diplomáticos vazados, assim como a relatórios sobre espionagem de governos. Para além disso, reuniu informações de grupos de hackers da deep web, segundo o jornal mencionado.
Branco Di Fátima conversou sobre o panorama do ativismo na internet nos últimos 30 anos, os desdobramentos da Primavera Árabe, as Jornadas de Junho de 2013 no Brasil e a ascensão da extrema-direita, com a criação de fake news e bots para manipular a esfera pública.
No decorrer da entrevista, di Fátima afirmou que “a extrema-direita não acenderia sem fake news”. Segundo a sua pesquisa, a extrema-direita “ofere soluções simples para problemas muito complexos”, que “se espalham através das fake news”. “Nós sabemos que as notícias falsas sempre existiram, mas com as redes sociais ganharam novas características. Em primeiro, tornaram-se muito complexas, difíceis de serem desmascaradas. Em segundo, conseguem propagar-se a uma velocidade muito mais rápida. Por último, são muito sensacionalistas, então as contrainformações são menos fortes”, afirmou.
Para além disso, os bots “têm papéis fundamentais, pois influenciaram nas eleições recentes de vários países e até mesmo no Brexit”, afirmou Branco di Fátima.
Branco di Fátima é jornalista e escritor. Doutorou-se em Ciências da Comunicação pelo ISCTE-IUL. É autor do livro Ruas Vazias de Gente (2007) e coorganizador das obras Internet: Comunicação em Rede (2013) e Outros Olhares: Debates Contemporâneos (2008).
Comentários
"a ascenção da extrema
"a ascenção da extrema-direita está intrinsecamente ligada à forma como esta espalha notícias falsas pelo mundo, através da Internet."
Os estudos sérios parecem indicar o contrário - que quem mais vota na extrema-direita são as pessoas que menos frequentam a internet (nomeadamente pessoas mais idosas, com menos instrução e de zonas rurais e semi-rurais).
Exemplo:
Right-Wing Populism, Social Media and Echo Chambers
in Western Democracies
Abstract: Many observers are concerned that echo chamber effects in digital media are contributing to the polarization of publics and in some places to the rise of rightwing populism. This study employs survey data collected in France, the United Kingdom, and United States (1500 respondents in each country) from April to May 2017. Overall, we do not find evidence that online/social media explain support for rightwing populist candidates and parties. Instead, in the USA, use of online media decreases support for rightwing populism.
Looking specifically at echo chambers measures, we find offline discussion with those who are similar in race, ethnicity, and class positively correlates with support for populist candidates and parties in the UK and France. The findings challenge claims about the role of social media and the rise of populism.
(o filtro dos comentários não me deixa por o link para o estudo, mas basta googlarem "Right-Wing Populism, Social Media and Echo Chambers" que chegam lá; e, por falar em filtros, que filtro é esse que nem na "página pessoal" deixa por um link - campo em que é mesmo para pôr links?)
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