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Exaustão no SNS: Chefes da urgência cirúrgica do Santa Maria demitem-se

No início de novembro, os profissionais alertaram publicamente para a situação insustentável de falta de recursos humanos no hospital central. Agora, cumpriram a ameaça de se demitirem da chefia e deixarão também de fazer bancos de urgência.
Foto de Paulete Matos.

Se os problemas de falta de recursos no Serviço Nacional de Saúde não são novidade para ninguém,  a situação de exaustão das equipas que trabalham no Hospital de Santa Maria também não. Agora, foi de vez: todos os dez chefes de equipa cirúrgica do serviço de urgências do hospital apresentaram demissão.

 “Os colegas exigiram que fossem tomadas medidas para que o banco de urgência continuasse a ter uma vida normal, porque só eram duas pessoas, um chefe de equipa e um especialista, e precisavam de seis pessoas diferenciadas", disse à Lusa o presidente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, João Proença.

Segundo o dirigente, o Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) “não deu qualquer resposta às pretensões dos médicos que eram muito claras", pelo que foi concretizada a demissão.

Os médicos fizeram "uma proposta de linha vermelha" ao Conselho de Administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHULN), mas como este respondeu de "forma evasiva" decidiram que, a partir de dezembro, vão comunicar que "já não fazem urgência porque têm mais de 55 anos", além de irem limitar as horas extraordinárias.

“Não só deixam de ser responsáveis de equipa como deixam de fazer bancos de urgência", ao abrigo da lei. "Isto vai tornar insolúvel o problema do Serviço de Cirurgia do hospital central da área de Lisboa e ainda por cima universitário", salientou João Proença.

A carta de 10 de novembro foi subscrita pelos chefes da equipa das urgências de cirurgia geral. No documento, os profissionais alertavam para a insustentabilidade das escalas de serviço, que consideram não exequíveis devido à falta de recursos humanos.

Os médicos relembravam na carta que o serviço tem vindo a degradar-se nos últimos anos, tendo sofrido recentemente um agravamento devido ao facto de os assistentes hospitalares se recusarem a fazer mais do que as horas extraordinárias estipuladas na lei.

No pedido de demissão, os chefes de equipa mostraram-se solidários com os assistentes, defendendo ainda que "a escala de urgência de cirurgia geral não é exequível segundo o regulamento de constituição das equipas de urgência".

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