Eurodeputados juntam-se a movimento mundial pela legislação do aborto na Irlanda

21 de novembro 2012 - 15:47

Eurodeputados de vários grupos políticos, entre os quais Marisa Matias e Alda Sousa, juntaram-se quarta-feira em Estrasburgo ao Dia Internacional de Protesto no sentido de o direito ao aborto ser reconhecido pela lei na Irlanda.

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Parlamentares de vários grupos protestaram a favor da introdução do aborto na lei irlandesa. O GUE/NGL (na foto, Marisa Matias e Inês Zuber) foi o grupo mais representado.

A jornada integra-se num amplo movimento de protesto de âmbito mundial suscitado pela recente morte na Irlanda de Savita Halappanavar, mulher a quem foi recusado a realização de um aborto de um feto inviável e que, na sequência da gravidez de risco, desenvolveu uma septicémia fatal. O marido explicou que a resposta dada no Galway University Hospital foi a de que, apesar do estado crítico da mãe, "o coração do feto ainda batia" e que a recusa era baseada no facto de "a Irlanda ser um país católico".

Mais de 20 mil pessoas manifestaram-se domingo em Dublin contra o facto de a legislação irlandesa não contemplar o direito ao aborto. Quarta-feira realizaram-se manifestações junto de várias embaixadas e instalações diplomáticas irlandesas, designadamente em Nova Iorque, Estocolmo, Belfast, Edimburgo, Hong Kong, Bangalore, Seul, Bruxelas, Berlim e Viena.

Em Estrasburgo, numerosos deputados de vários grupos políticos, principalmente da Esquerda Unitária (GUE/NGL), liberais, verdes e socialistas, concentraram-se em frente à sala do plenário do Parlamento Europeu aderindo ao movimento internacional de protesto. Uma carta assinada por 53 eurodeputados de quatro grupos e 15 países, assinada em primeiro lugar pelo irlandês Paul Murphy (GUE/NGL) e por Mikael Gustafsson (sueco GUE/NGL), presidente da Comissão Parlamentar pela Igualdade dos Direitos das Mulheres, foi enviada ao primeiro ministro irlandês tendo como base o caso de Savita Halappanavar. "Esta tragédia põe em evidência a necessidade de uma ação imediata para introduzir legislação sobre o aborto na Irlanda", lê-se na carta. O texto recorda também que "apesar da decisão do Supremo Tribunal da Irlanda relativa ao 'Caso X' segundo a qual o aborto deveria ser permitido em casos em que a mãe corra perigo de vida, sucessivos governos falharam em legislar sobre este assunto".

Paul Murphy declarou durante a manifestação em Estrasburgo que "só a continuação da pressão massiva através de grandes manifestações pode forçar o governo irlandês a agir".


Artigo publicado no portal do Bloco no Parlamento Europeu.