A situação dos Estaleiros de Viana mantém-se preocupante, diz a coordenadora do Bloco de Esquerda após reunir com trabalhadores e administração. "Há a possibilidade desta empresa ter um contrato que é muito importante para a sua valorização e neste momento não estão a ser disponibilizados os fundos para comprar o aço e a maquinaria para se cumprir o contrato". Catarina Martins alerta que "se o contrato não for cumprido, a empresa vai ter de indemnizar a empresa da Venezuela que fez a encomenda". Ou seja, "vai ter de pagar mais do que é necessário para começar o trabalho".
"É verdadeiramente ruinoso e incompreensível que a empresa não esteja neste momento a trabalhar", resumiu a deputada do Bloco de Esquerda, acrescentando que "esta empresa é vital, não apenas em Viana mas em todo o país" e que "a perda de postos de trabalho e a desvalorização da empresa terá um efeito dominó sobre toda a região, do ponto de vista económico e do emprego, que é veradeiramente catastrófico e é preciso evitar".
O Bloco mantém a posição de que "esta empresa é viável e todas as pessoas percebem que num país em que tem de se apostar no crescimento económico e nas exportações - e no mar como setor estratégico - os Estaleiros Navais de Viana do Castelo são necessários". Para Catarina Martins, "uma empresa que tem encomendas e capacidade de resposta, que deveria estar agora a dar resposta às necessidades da marinha mercante ou da GALP, de todos os setores exportadores e que precisam do seu trabalho".
O cenário de privatização, para o qual apenas os russos da RSI Trading se declaram compradores "não trará nada de bom aos cofres públicos", diz a coordenadora bloquista. "É verdade que houve gestão ruinosa nesta empresa e todas as responsabilidades devem ser apuradas. Mas neste momento privatizá-la não resolve nenhum problema: tudo o que é passivo da empresa já está do lado dos contribuintes. Quem ficar com ela fica a preço de saldo com uma empresa que é importante para o país e os cofres públicos estão sempre a perder dinheiro".
Por isso, conclui Catarina Martins, "a única opção sensata é valorizar a empresa, dar-lhe agora os recursos necessários para cumprir os contratos, manter os postos de trabalho e receber encomendas para trabalhar". E não, como quer o Governo, "entregar a empresa a preço de saldo. Ela é uma âncora de desenvolvimento não apenas para o distrito de Viana do Castelo, mas de todo o país e da Península Ibérica".