“Falta de transparência” de acordos feitos “nos bastidores”. Foi assim que A Esquerda no parlamento europeu caraterizou a validação da próxima Comissão Europeia, arranjada entre os socialistas, o centro-direita e os liberais.
O grupo parlamentar da Esquerda (GUE/NGL) quer por isso apresentar uma resolução para votação durante a sessão plenária desta semana onde critica o processo de constituição e validação do próximo executivo comunitário. No seu primeiro ponto, a resolução “condena fortemente as violações procedimentais do parlamento e o desprezo pela suas próprias regras procedimentais em cada fase do processo de veto e seleção” dos comissários.
É também criticada a “farsa do processo de escrutínio das declarações de interesses” feita “à porta fechada”, onde as declarações de interesses se mantêm “baseadas numa auto-avaliação dos potenciais ou atuais conflitos de interesses pelos candidatos”, que não vão ao encontro “dos padrões de alto-nível proclamados e esperados de um Executivo europeu”.
A Esquerda europeia relembra que, uma vez que o parlamento europeu é o único órgão da União Europeia cujos membros são diretamente eleitos pela população, tem a tarefa de obrigar o Executivo a prestar contas. Mas a resolução deixa também um aviso: de que estas irregularidades e falta de transparência minam a credibilidade do parlamento enquanto “voz democrática” dos cidadãos europeus.
Na semana passada o Partido Popular Europeu, a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas e o Renovar a Europa, comprometeram-se – através de acordo escrito – com uma “abordagem construtiva”, que na verdade constrói uma aliança entre os socialistas e a direita para direcionar os interesses da Comissão Europeia.
Lembre-se que a constituição da nova Comissão Europeia foi um desafio para Ursula Von Der Leyen devido à queda dos verdes e dos liberais e à subida da extrema-direita nas eleições europeias, que levaram ao acordo entre as forças do centro.
Ursula Von Der Leyen, “incapaz de dizer Palestina”
Catarina Martins criticou nas redes sociais o colégio da nova Comissão Europeia por estar “ao serviço do complexo militar-industrial” e desprezar “as condições de vida das populações”. A eurodeputada do Bloco de Esquerda apontou que a presidente da Comissão “é incapaz de dizer Palestina” e “também não diz genocídio”.
“Uma comissão que tem o acordo anunciado de partidos da direita, populares e liberais, da extrema-direita, dos socialistas e mesmo dos verdes”, lembrou Catarina Martins, afirmando que essa mesma comissão “terá a oposição da esquerda”, “mais necessária do que nunca” e que “é hoje a oposição e a alternativa na Europa”.