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“Especulação imobiliária está a expulsar moradores da Quinta da Lage”

Catarina Martins, Marisa Matias e Deolinda Martin visitaram o bairro autoconstruído da Quinta da Lage que já existe há décadas na Amadora e que a Câmara pretende demolir. Com o metro a passar ali perto, o terreno passou a valer mais.
Foto de Paula Nunes.

A coordenadora do Bloco Catarina Martins, juntamente com a candidata bloquista às eleições europeias Marisa Matias e a vereadora Deolinda Martin visitaram este sábado as casas da Quinta da Lage, na Amadora, e ouviram os testemunhos de quem já mora ali há décadas e foi construindo a sua casa, paga o IMI e tem a sua vida aí estabelecida.

Segundo Catarina Martins, a demolição prevista “não é forma de tratar um bairro onde as pessoas sempre estiveram, onde o Estado sabe que elas estão e que pagam os seus impostos”.


Marisa Matias, candidata do Bloco às eleições europeias. Foto de Paula Nunes. 

 

“Com o metro a passar aqui perto, este terreno passou a valer mais dinheiro e, infelizmente, temos visto como a especulação imobiliária está a expulsar as pessoas das casas e a negar o direito à habitação. É o que acontece também na Quinta da Lage”, assinalou a coordenadora bloquista.

Para Catarina Martins, “não faz sentido dizer às famílias que durante décadas aqui construíram as suas casas, pagaram as suas obrigações, têm aqui uma comunidade que funciona, que, de repente, as suas casas vão ser demolidas e elas vão ser realojadas em apartamentos minúsculos não se sabe muito bem onde”.


Vereadora bloquista Deolinda Martin com moradores do bairro Quinta da Lage. Foto de Paula Nunes.

“Isto não é uma política de habitação”, vincou a dirigente do Bloco, avançando que “o que é preciso, isso sim, é discutir com esta comunidade qual é a solução, o que é que pode ficar, o que é que não pode ficar, como realojar quem tiver mesmo de ser realojado”.

Para o Bloco existem “dois critérios fundamentais”.

Primeiro, “não há políticas públicas para a habitação sem investimento na habitação” e o Estado abandonou essa responsabilidade.

“No último Orçamento do Estado aprovámos o final do teto de endividamento das autarquias quando está em causa a construção de habitação, o que significa que a Câmara da Amadora tem hoje mais condições do que tinha para dar uma resposta de habitação pública. Mas também sabemos que é importante a disponibilidade total do investimento público do Estado português para investir em habitação. E tal não acontece desde os anos 90”, referiu Catarina Martins, lembrando que “na política europeia se define se há ou não dinheiro para investir em habitação pública”.

Por outro lado, “é preciso ouvir as pessoas. Os seus casos têm de ser considerados”.

A coordenadora do Bloco lembrou que está em discussão no Parlamento uma proposta de Lei de Bases apresentada pelo PS que assinala a necessidade de diálogo no realojamento, coisa que não está ser feita pela autarquia socialista da Amadora.

“A habitação é um dos maiores problemas hoje em dia em Portugal. É preciso parar com este processo de expulsar as pessoas das suas causas por causa da especulação imobiliária e é preciso investir na oferta pública de habitação e ouvir as pessoas sobre as soluções” a implementar, rematou Catarina Martins.

No dia 6 de março, a vereadora bloquista Deolinda Martin apresentou um requerimento para saber quais os proprietários dos terrenos, quais os projetos previstos e qual o número total de residentes na Quinta da Lage. Até agora não obteve qualquer resposta.

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