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Empresário apoiante de Ventura tem offshore no Panamá

Carlos Barbot criou em 2002 uma offshore no Panamá para movimentar contas no Banque Privée Espírito Santo, na Suíça. Num almoço com Ventura, em 2020, juntamente com outros empresários, elogiou a prestação do partido de extrema-direita. 
 “Apoio financeiro ao Chega? Daqui até às eleições admito muita coisa”, disse Carlos Barbot.
“Apoio financeiro ao Chega? Daqui até às eleições admito muita coisa”, disse Carlos Barbot. Foto de Manuel Almeida, Lusa.

A offshore Foundation Harvel foi incorporada no Panamá em 2002 e, em 2005, a offshore deu poderes ao CEO da Tintas Barbot para abrir e movimentar duas contas na Compagnie Bancaire Espírito Santo, na Suíça, mais tarde renomeada Banque Privée Espírito Santo. Desde 2004, esta offshore tem como único elemento do seu conselho de fundação outra offshore, a Finatlantic Management Services S.A..

A informação foi avançada este sábado na edição semanal do Expresso, numa curta nota onde o jornal não estabelece a relação de Carlos Barbot com André Ventura, confirmada em 2020 pela Visão.

Em junho de 2020, vários empresários almoçam com André Ventura na Quinta do Barruncho para, segundo confirmou a revista Visão, se discutir o financiamento do Chega. Na iniciativa, organizada por João Maria Bravo, estiveram vários empresários, entre os quais Miguel Félix da Costa, Paulo Côrte-Real Mirpuri, João Pedro Gomes, Francisco Sá Nogueira, Francisco Cruz Martins e Carlos Barbot.

O herdeiro do império das tintas Barbot disse à Visão que teria ido ao almoço “por mera curiosidade” e de espírito aberto. “Sou contra posições racistas e xenófobas. Mas o Ventura veio abanar o sistema, pôr as pessoas a pensar, e isso é positivo”, resumiu. “Queria ouvir o Ventura e encontrei o que esperava: uma pessoa frontal, que diz o que pensa”, disse. E considera positiva a sua entrada em cena. “Ele abre o leque à direita, que estava muito limitado. Se temos um Bloco de Esquerda, também podemos ter um «Bloco» de direita, não?”

Questionado sobre financiamento do partido, Barbot assume um tom retórico: “Apoio financeiro ao Chega? Daqui até às eleições admito muita coisa”.

A investigação aos Pandora Papers por parte do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação e do Expresso revelou várias ligações antes desconhecidas entre a elite empresarial portuguesa e uma série de offshores, nomeadamente os patrões do Correio da Manhã ou Observador, entre outros títulos, na sua maioria com ligações ao PSD e a Cavaco Silva em particular. 

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