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Ébola poderá infetar 1,4 milhões de pessoas até janeiro

Investigadores dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA alertam para a expansão drástica da doença caso não existam intervenções adicionais ou mudanças de comportamento da comunidade. Cientistas da OMS admitem possibilidade de a doença passar a ser endémica. Cientista que identificou o vírus do ébola defende que esta crise “poderia ter sido evitada”.

Os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) estimam que, em setembro, existirão cerca de 8 mil casos de infeção pelo vírus ébola, ou 21 mil casos se for tida em consideração a verdadeira dimensão do contágio. Segundo os CDC, por cada caso relatado e anunciado publicamente existem mais 1,5 casos não registados.

Por forma a obter uma estimativa dos casos reais, o Centro optou por multiplicar o número de registos por 2,5.

Sem intervenções adicionais ou mudanças de comportamento da comunidade, os CDC estima que, até 20 de janeiro de 2015, existirão aproximadamente 550 mil casos de ébola na Libéria e na Serra Leoa ou 1,4 milhões, tendo em conta a estimativa de casos reais avançada.

Sem intervenções adicionais ou mudanças de comportamento da comunidade, os CDC estima que, até 20 de janeiro de 2015, existirão aproximadamente 550 mil casos de ébola na Libéria e na Serra Leoa ou 1,4 milhões, tendo em conta a estimativa de casos reais avançada.

Os relatos de novas infeções na Libéria estão atualmente a duplicar a cada 15-20 dias, e na Serra Leoa e Guiné a duplicar a cada 30-40 dias.

Segundo os CDC, travar a epidemia requer que aproximadamente 70% dos casos de ébola passem a ser acompanhados nas unidades especiais criadas para o efeito ou, caso estas não tenham capacidade, em casa ou numa comunidade em que esteja assegurada a redução do risco de transmissão da doença. Os enterros também devem cumprir todas as normas de segurança. Caso estas condições sejam asseguradas, os CDC admitem a possibilidade de travar a epidemia até janeiro de 2015.

Por sua vez, os cientistas da OMS publicaram esta terça-feira um artigo no qual avançam com uma nova estimativa do número total de futuros casos, que poderá ascender a 20 mil já no início de novembro. A equipa admite a possibilidade “pelo menos a médio prazo”, de a doença do vírus do ébola “vir a tornar-se endémica na população humana da África Ocidental, um cenário que nunca tinha sido contemplado”.

Na anterior estimativa avançada em agosto pela OMS também se previa que 20 mil pessoas ficassem infetadas com ébola, mas num período de nove meses.

No artigo publicado na revista The New England Journal of Medicine (NEJM) é ainda assinalado que “é provável que muitos casos não tenham sido detetados”.

“Esta crise poderia ter sido evitada”

A dimensão da epidemia “é o resultado da combinação de sistemas de saúde disfuncionais, indiferença internacional, uma grande mobilidade da população, costumes locais, capitais com grande densidade populacional e falta de confiança nas autoridades devido a conflitos armados”.

Num editorial da mesma edição da NEJM, assinado por Jeremy Farrar, diretor do Wellcome Trust, e Peter Piot (o cientista que identificou o vírus do ébola), da Escola de Higiene e Medicina Tropical, a dimensão da epidemia “é o resultado da combinação de sistemas de saúde disfuncionais, indiferença internacional, uma grande mobilidade da população, costumes locais, capitais com grande densidade populacional e falta de confiança nas autoridades devido a conflitos armados”.

“Por outras palavras, esta crise poderia ter sido evitada”, frisam.

No total, já morreram 2803 das 5843 pessoas infetadas com ébola na Guiné-Conacri, na Libéria e na Serra Leoa. A epidemia também atingiu a Nigéria, com 20 casos e oito mortes, e o Senegal, com um único caso .

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