SNS

Dos 14 novos administradores hospitalares, seis são militantes do PSD

03 de março 2025 - 13:23

Ministra da Saúde diz que Partido Social Democrata "não manda" nas nomeações do SNS, mas seis dos presidentes das administrações hospitalares são militantes do partido. Xavier Barreto sublinha falta de experiência.

PARTILHAR
Ana Paula Martins
Ana Paula Martins. Fotografia de Partido Social Democrata/Flickr

São já 14 as administrações hospitalares afastadas desde que o governo de Luís Montenegro tomou posse, há menos de um ano. Em seis desses casos, os anteriores presidentes dos conselhos de administração foram substituídos por militantes do Partido Social Democrata, muitos sem experiência ou formação na área de gestão hospitalar.

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, diz que o partido “não manda” nas nomeações do Serviço Nacional de Saúde, mas o presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares fala numa “grande assimetria” nas escolhas das administrações hospitalares. Segundo o Público, Xavier Barreto salienta “fortes dúvidas” devido à inexperiência de várias novas administrações.

Na Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda, quem assumiu a liderança foi Rita Figueiredo. A militante do Partido Social Democrata é jurista e coordenadora do departamento jurídico e contencioso dessa ULS. Na ULS da Região de Leiria foi escolhido o médico Manuel José Santos Carvalho, que foi deputado municipal em Leiria pelo partido e que estava a coordenar a Unidade de Saúde Familiar Santiago. Para a ULS da Lezíria foi escolhido Pedro Marques, antigo vereador do PSD em Abrantes, que geria o Hospital do Santo Espírito, nos Açores. O antigo presidente da Câmara Municipal de Amarante – eleito pelo PSD –, José Luís Gaspar Jorge, foi nomeado para liderar a ULS do Tâmega e Sousa. E Pedro Azevedo, médico e militante do PSD, foi escolhido para a ULS Almada/Seixal.

A ministra da Saúde é também criticada por substituir administrações hospitalares com bons resultados, como é o caso da ULS Gaia/Espinho. Confrontada com essa substituição no podcast da Antena 1, “Política com Assinatura”, a ministra da Saúde desculpou-se dizendo que a substituição acontece para “evitar as estrelas”. Mas o gestor que entra agora para a liderança dessa ULS, Luís Matos, para além de militante do PSD na secção do Bonfim, no Porto, foi administrador executivo do Hospital da Prelada durante mais de sete anos. O hospital pertence à Santa Casa da Misericórdia do Porto, com quem o governo de Luís Montenegro celebrou um protocolo para a criação de dois Centros de Atendimento Clínico.

A vaga de substituições nas administrações das Unidades Locais de Saúde têm sido criticadas pelos partidos políticos, mas também pelos profissionais da área. É o caso de Fernando Araújo, primeiro diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde, que publicou um artigo de opinião no Expresso a sugerir que o Tribunal de Contas avalie as demissões dos conselhos de administrações hospitalares. No dia 26 de fevereiro foi a vez do conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Alentejo Central se demitir em confronto com Ana Paula Martins.

Esses confrontos têm adicionado à pressão sobre a demissão da ministra da Saúde por parte dos partidos políticos, nomeadamente em torno do caso da greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar, com o relatório da Inspeção Geral das Atividades de Saúde a indicar que o ministério da Saúde não informou o INEM dos pré-avisos de greve.

Termos relacionados: SaúdeSNS Saúde