A Jerónimo Martins comprou uma participação de 4,99% na Observador On Time ao principal acionista, Luís Amaral, o dono do gigante polaco da distribuição Eurocash que financia a Iniciativa Liberal e o Instituto +Liberdade. Através da sociedade Recheio SGPS, a dona do Pingo Doce liderada por Pedro Soares dos Santos vai agora deter uma parte do jornal online diário. Segundo os dados divulgados esta terça-feira pelo portal Eco, a Jerónimo Martins arrecadou no ano passado 15,3 milhões de euros em benefícios fiscais em sede de IRC, IMT, IEC e Imposto de Selo.
A informação da compra foi também avançada pelo Eco e confirmada pelo Observador. O aumento de capital na empresa, em cerca de 2,4 milhões de euros, será feito a €1,2 por ação. O atual sócio maioritário, Luís Amaral (Amaral y Hijas Holding), reduz a sua participação na empresa de 55% para 49,95%.
“Este aumento de capital permitirá ao Observador reforçar os seus recursos e as suas capacidades, e continuar a crescer significativamente, com sustentabilidade económica e financeira”, comentou António Carrapatoso (sócio que detém 6,59% da empresa). Mas a sustentabilidade económica e financeira de que fala é questionável.
Em 2023, o Observador obteve resultados líquidos de -€1.258 milhares, seguindo uma tendência de prejuízo desde que o órgão de comunicação social surgiu em 2014. Em 2022, a entidade registou resultados líquidos de -€877 milhares, e no ano anterior de -€464 milhares. Em 2019, o seu resultado líquido batia o recorde negativo de -€1.336 milhares.
Apesar da inviabilidade económica do projeto jornalístico, é a segunda vez que a Observador On Time recebe um aumento de capital este ano e o capital social da empresa ascendeu aos €9,9 milhões. Em março, deste ano, foi registado um aumento de €860 mil. Também em 2023, a empresa registou duas operações de aumento de capital.
Luís Amaral é o principal acionista da Eurocash, a maior distribuidora grossista de produtos de grande consumo na Polónia, mas o Observador também é detido, em posições minoritárias, pela família Champalimaud, pela Atrium Investimentos e por Pedro Almeida, investidor no turismo da Comporta e na indústria fóssil. A esse grupo junta-se agora a Jerónimo Martins, uma das empresas nacionais com mais lucros registados.
