Despedimento na Talkdesk: Bloco quer intervenção da ACT

A empresa de software para contact centers Talkdesk, apelidada de "unicórnio português" por ter sido avaliada em mais de mil milhões de dólares, tem em curso uma nova vaga de despedimentos que, segundo as denúncias recebidas pelo Bloco de Esquerda, atingem agora 200 trabalhadores em Portugal.

Na semana passada, estes trabalhadores começaram o dia de trabalho com uma videochamada de um responsável do respetivo departamento a comunicar a intenção de despedir. Seguiu-se outra videochamada com os recursos humanos, desta vez para dizer que lhes seria apresentado um documento para assinarem até ao dia 29 e que podiam deixar de trabalhar imediatamente. Pouco depois ficaram sem acesso às plataformas de trabalho.

Para o deputado bloquista José Soeiro, esta conduta "visou intimidar e pressionar ilegitimamente os trabalhadores, afastando-os de imediato das suas funções, o que é um inaceitável caso de assédio" que coloca em causa os seus direitos.

Talkdesk, o unicórnio português volta a despedir

A proposta que seguiu por email era uma rescisão de contrato por mútuo acordo, com valores semelhantes à compensação legal prevista e que implica a perda de direitos e de proteção social, nomeadamente o acesso ao subsídio de desemprego. A quem não aceite assinar o documento, prosseguiu José Soeiro, a empresa ameaça com o despedimento a partir de 6 de outubro.

"A empresa não esclareceu, no entanto, como pretende efetivar um despedimento que não parece ter base legal ou foi sequer ainda comunicado formalmente aos trabalhadores", refere Soeiro, exigindo à ministra do Trabalho que a Autoridade para as Condições do Trabalho intervenha nesta situação de assédio laboral, uma vez que já recebeu dezenas de queixas dos trabalhadores ameaçados.

O deputado do Bloco pretende também garantir junto do Governo que a Talkdesk, caso concretize mais esta vaga de despedimentos, "fique efetivamente impedida de recorrer ao outsourcing para satisfação daquelas necessidades".