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“A desigualdade salarial é negativa para a sociedade e para a economia”

José Soeiro apresentou o projeto de lei do Bloco para estabelecer leques salariais no Estado e nas empresas e comparou o salário médio de um trabalhador com o de um gestor, em Portugal, nos CTT e no Pingo Doce. “É esta desigualdade que precisamos de acabar”, afirmou.
“É esta a desigualdade que precisamos de acabar é sobre ela que precisamos de intervir”, concluiu José Soeiro
“É esta a desigualdade que precisamos de acabar é sobre ela que precisamos de intervir”, concluiu José Soeiro

O deputado bloquista José Soeiro apresentou na Assembleia da República, nesta sexta-feira 28 de setembro de 2018, o projeto de lei de combate à desigualde salarial.

Na sua apresentação, o deputado referiu que “Portugal é o quarto país da União Europeia com a maior desigualdade salarial”, salientou que o agravamento da desigualdade salarial entre os salários dos trabalhadores e os “vencimentos supersónicos” dos gestores é uma “tendência preocupante” em Portugal e no mundo. “Nos últimos três anos o custo do trabalho esteve estagnado, mas o vencimento dos gestores aumentou 40%”, sublinhou.

“Os baixos salários dos trabalhadores e os vencimentos supersónicos dos gestores não têm nada a ver com desempenho das empresas, nem do ponto de vista dos resultados operacionais nem em termos da sua cotação na bolsa”, realçou o deputado, apontando que a desigualdade é negativa para a sociedade e para a eficiência da economia.

“Esta desigualdade não é neutra para o funcionamento das sociedades, é negativa para sociedade e é prejudicial à eficiencia económica”, afirmou o deputado citando Peter Drucker, “guru da gestão”, que considera que a grande desigualdade não é “saudável” e deve “ser limitada com um rácio de 1/25”.

O deputado bloquista afirmou também que “nenhuma medida sozinha acaba com a desigualdade salarial”, apontando a necessidade de medidas fiscais sobre o rendimento e o património, de políticas públicas de distribuição de riqueza e da contratação coletiva, “acabando com a caducidade que impede uma negociação equilibrada e que vem esmagando o movimento sindical”.

“Os Estados, enquanto instância reguladora da economia, podem fazer mais”, afirmou Soeiro, salientando que a “definição de leques salariais” está ao rubro em todo o mundo, referindo propostas debatidas na Suíça, onde houve mesmo um referendo com a proposta de limitar a desigualdade a 1/12, na França, em que um projeto, para limitar a desigualdade a 1 para 20, perdeu apenas por um voto no parlamento, assim como a proposta que o Labour apresenta em Inglaterra.

José Soeiro concluiu a sua intervenção com a comparação gráfica (ver imagem) entre o vencimento de um gestor e o salário médio de um trabalhador, na sociedade portuguesa e ainda para o caso das empresas CTT e Pingo Doce.

Nos “CTT é preciso uma lupa”, para comparar graficamente, pois um “um carteiro que ganhe 612 euros precisa de 106 anos para ganhar o mesmo que um gestor num ano” e no “Pingo Doce é preciso um microscópio, porque o trabalhador tem de trabalhar 345 anos para ganhar os dois milhões e 900 mil euros que o gestor da mesma empresa ganha num ano”.

“É esta a desigualdade que precisamos de acabar é sobre ela que precisamos de intervir”, concluiu José Soeiro.

Na votação, o projeto apresentado pelo Bloco foi chumbado pelos votos de PS, PSD e CDS. Luís Monteiro escreveu no facebook, “se o PS se dignasse a votar no que diz concordar,a coisa passava e combatiam-se desigualdades”:

 

“A desigualdade salarial é negativa para a sociedade e para a economia”

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