Em agosto, Raphael Tshimanga, diretor do Centro de Investigação de Recursos Hídricos da Bacia do Congo (CRREBaC ) explicou à Reuters que a análise de imagens de satélite e entrevistas indicavam que um reservatório usado para armazenar poluentes de mineração teve uma fuga em 15 de julho numa área de mineração de diamantes nas províncias de Lunda Sul e Lunda Norte, em Angola.
Dois afluentes do rio Congo, os rios Tshikapa e Kasai, ficaram vermelhos, os peixes morreram e as comunidades ao longo das suas margens foram fustigadas por problemas gasto-intestinais.
"Nunca vimos uma poluição tão grande no rio Congo", afirmou Tshimanga, acrescentando que o fenómeno ainda estava a aumentar. “As consequências estão além do que poderíamos imaginar. É uma catástrofe. É uma catástrofe ambiental sem precedentes”, vincou.
En Mission Gouvernementale, nous sommes en train d'évaluer la situation de la pollution des eaux des rivières Kasaï et Tshikapa . Des solutions urgentes sont envisagées pour protéger les populations riveraines. Ce matin à Tshikapa avec l'équipe des experts. pic.twitter.com/7DO8teCRl2
— Eve Bazaiba (@Evebazaiba) August 28, 2021
A Sociedade Mineira de Catoca acabou por admitir, após as denúncias do governo congolês, que houve um derrame do material residual da maior mina de diamantes de Angola em julho.
Entretanto, esta quinta-feira, a ministra do Ambiente, Eve Bazaiba, após uma visita à província de Kasai, afirmou que doze pessoas morreram e 4.400 adoeceram no sul da República Democrática do Congo na sequência da fuga de resíduos da mina.
Je suis face à la presse ce Jeudi. Au menu :Pollution des eaux des rivières Kasaï et Tshikapa, #COP26, mesures de gestion des ressources forestières, vision de la #RDC sur l'environnement et Développement durable. pic.twitter.com/n8CNxDK37D
— Eve Bazaiba (@Evebazaiba) September 2, 2021
A Reuters avança que Bazaiba informou ainda que o Congo pedirá uma indemnização pelos danos causados, com base no princípio do "poluidor-pagador".
O governador da província de Kasai, Dieudonné Pieme, proibiu as pessoas de beber água e comer peixes do rio Tshikapa após o derrame, que esgotou significativamente a população de peixes do rio.
A Sociedade Mineira de Catoca, que gere a mina que produz 75% dos diamantes angolanos, não respondeu de imediato a um pedido de comentário sobre as mortes. A mina de Catoca, uma das maiores minas de diamantes do mundo, é uma produção conjunta da companhia russa Alrosa e da companhia angolana Endiama.