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Deputado alerta para riscos da inteligência artificial com discurso feito pelo ChatGPT

Fraude académica, desemprego, desinformação e até “destruição em massa” são os riscos que um deputado australiano elencou no “seu” discurso.
Aplicação ChatGPT no telemóvel. Foto Focal Foto/Flickr

O deputado trabalhista australiano Julian Hill tornou-se o primeiro parlamentar do país a assumir que o seu discurso foi parcialmente escrito pela aplicação ChatGPT. O objetivo foi o de alertar para os riscos da inteligência artificial na sociedade de hoje e defender um inquérito ou um livro branco acerca dos benefícios e potenciais efeitos negativos do uso da inteligência artificial em várias áreas.

As notícias do uso desta aplicação por parte dos estudantes australianos em trabalhos escolares e exames levou à sua proibição nas escolas de Queensland e New South Wales.

“A tecnologia da Inteligência artificial, como o software que consegue escrever ensaios e gerar respostas, é cada vez mais acessível aos alunos, permitindo-lhes completar trabalhos e testes sem que percebam a matéria, causando assim preocupação aos professores acerca do seu impacto na integridade do sistema de educação”, afirmou o deputado, citado pelo Guardian, para a seguir acrescentar que há estudantes a “contornar o processo educativo e a obter uma vantagem injusta”, enquanto os docentes são incapazes de “identificar e combater as fraudes”.

Em seguida, Hill surpreendeu o plenário: “Devo confessar que não escrevi isto. Na verdade, nenhum humano o escreveu. Foi o ChatGPT”. Para estas partes do discurso, o deputado usou a aplicação para lhe resumir as notícias recentes sobre o uso do ChatGPT nas escolas australianas e explicar em dois minutos os riscos e benefícios da inteligência artificial.

Assim, foi a própria aplicação a escrever as partes do discurso acerca dos riscos desta tecnologia, incluindo o seu potencial para aumentar o desemprego, perpetuar as discriminações ou ser usada com fins maliciosos em ciberataques ou campanhas de desinformação. Entre os benefícios, encontrou o potencial para revolucionar muitas indústrias como a saúde, transportes e finanças ao aumentar a eficiência e reduzir custos.  

Na parte escrita por si, Julian Hill, que é o político australiano mais popular no TikTok, afirmou que a inteligência artificial coloca riscos que podem ser “disruptivos, catastróficos e existenciais”. Mas “o risco que preocupa cada vez mais pessoas bem mais inteligentes que eu é a improbabilidade de os humanos conseguirem controlar a inteligência artificial, ou que um agente malévolo possa usá-la para a destruição em massa”, prosseguiu, concluindo que os cientistas já a colocam como um risco mais grave do que os asteróides, alterações climáticas, super-vulcões, devastação nuclear ou pandemias mortíferas.

Para prevenir estes riscos, o deputado trabalhista australiano diz que é precisa uma regulação a nível internacional semelhante à dos tratados climáticos ou de não proliferação nuclear.

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