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De que é feito o partido de Ventura? Seitas evangélicas, imobiliário de luxo e milhares de contas falsas

Depois dos EUA e Brasil, o lóbi evangélico procura entrar na política portuguesa através do Chega. Líderes de seitas apelaram ao voto em Ventura durante sessões de culto. Chega conta com mais de 20 mil contas falsas nas redes sociais, revela Revista Visão.
André Ventura
Foto de António Pedro Santos | Lusa

Uma reportagem sobre os bastidores do Chega, publicada esta quinta-feira na Revista Visão, liga o partido e o seu líder, André Ventura, às lideranças das seitas evangélicas neopentecostais existentes em Portugal. O fenómeno não é novo. Trump e Bolsonaro também construíram as suas plataformas eleitorais com estreitas alianças com o fanatismo religioso. 

Um professor da Universidade da Beira Interior, Donizete Rodrigues, citado pelo jornalista Miguel Carvalho, e que tem estudado o fenómeno de perto, revela que a atividade das igrejas evangélicas, principalmente na Área Metropolitana de Lisboa, se intensificou “com a criação do Chega”. O professor da UBI vai ainda mais longe, denunciando que vários pastores evangélicos apelaram mesmo ao voto em André Ventura durante as sessões de culto.

O principal motivo para que estas comunidades se envolvam afincadamente na política nacional é a “busca de poder, quase sempre materializada em ganhos económicos, mudanças legislativas para proteger igrejas, construir templos, obter isenções fiscais ou subsídios do Estado”, explica Donizete Rodrigues.

O académico denuncia ainda ser cada vez mais frequente os líderes e membros destas seitas religiosas financiarem atividades partidárias. “O Chega faz parte desse esquema”, assevera.

Milhares de perfis falsos ao serviço da política do ódio

Pelas contas de um especialista em consultoria estratégica digital e monitorização de redes, o Chega tem mais de 20 mil contas falsas nas redes sociais. O que explica em parte o facto de os conteúdos do partido terem tantos “gostos”, “partilhas” ou “visualizações”. Este dispositivo digital é também frequentemente usado para divulgar desinformação nas redes sociais e atacar os adversários do partido.

O responsável pelas operações do partido de Ventura na internet é Gerardo Pedro, proprietário da empresa Kriamos, que conta com ligações à empresa angolana Alcian Soluções, próxima do MPLA. 

Interesses imobiliários em força no Chega

Vários dirigentes nacionais, distritais e candidatos do Chega exercem a sua atividade profissional no setor imobiliário, com uma especial concentração no segmento de luxo, aponta ainda a reportagem. É o caso do vice-presidente e principal ideólogo do partido, Diogo Pacheco de Amorim, que será o substituto de André Ventura na Assembleia da República quando começar a campanha para as presidenciais. E também o diretor de comunicação, Ricardo Regalla, que é consultor de uma empresa imobiliária que exerce atividade em Lisboa, Sintra e Cascais.

Segundo a Visão, Regalla costuma organizar festas de divorciados de luxo por 100 euros e já foi líder de diversas associações tauromáquicas, defendendo até a construção de uma praça de touros em Cascais.

Também o líder André Ventura está ligado aos negócios de consultadoria, pelo menos e segundo ele até junho, já que é consultor da Finpartner que intervêm no setor  imobiliário, planeamento fiscal e apoio a negócios com vistos gold. 

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