A relação entre a dívida externa e o PIB em Espanha é das mais altas do mundo. As normas da União Europeia estabelecem uma dívida externa máxima de 60 por cento do PIB; quando se iniciou a intervenção na Grécia a dívida grega era de 120 por cento do PIB, verificando-se que a política de austeridade adoptada a fez subir em menos de dois anos para quase 170 do PIB. O governo direitista de Rajoy, em associação com a senhora Merkel e a Comissão Europeia, segue essa mesma política em Espanha, que poderá significar um em cada quatro espanhóis desempregados no fim deste ano. A dívida externa espanhola é sobretudo privada; só 16 por cento correspondem a dívida pública.
Na segunda-feira, o governo de Mariano Rajoy anunciou novos cortes no valor de 10 mil milhões de euros na saúde pública e na educação. Apesar do anúncio do aprofundamento da austeridade, os juros da dívida espanhola continuam a aumentar, provocando o que a comunicação social qualifica como "a desconfiança dos mercados". O mesmo acontece com as dívidas da Itália e da Grécia, revelando estas situações o fracasso contínuo das políticas de austeridade.
Mariano Rajoy anunciou já cortes de despesas em três etapas: a primeira de 16 mil milhões de euros; a segunda de 40 mil milhões; e agora a terceira, de 10 mil milhões, sem dar mais explicações.
Entretanto, a revista Europa Laica anunciou recentemente que o Estado Espanhol, que a Constituição proclama laico, contribui anualmente com cerca de 10 mil milhões de euros para a Igreja Católica, verba equivalente à terceira fatia de cortes incidindo sobre saúde e educação. Os gastos do Estado com a casa real, segundo informações desta instituição, atingem 16 mil milhões de euros anuais, correspondentes ao valor da primeira fatia de cortes.
Artigo publicado no portal do Bloco no Parlamento Europeu.
(versão corrigida)