Os navios de cruzeiro que atracam no terminal de Lisboa produzem 3,5 vezes mais dióxido de enxofre por ano do que o conjunto de todos os automóveis da cidade. Seis anos depois de terem sido inauguradas e depois de terem recebido 1.436 cruzeiros, tendo mesmo sido em 2019 e 2022 o porto europeu que recebeu mais cruzeiro, estas instalações são consideradas a quinta infraestrutura portuária com maiores índices de poluição na Europa.
Para 2023, está previsto que se bata o recorde de escalas de cruzeiros desde que entrou em funcionamento com 350.
A notícia foi avançada este domingo pelo Jornal de Notícias que falou a este propósito com a Zero. Esta defende que devem ser implementadas “rapidamente soluções menos poluentes”.
Bloco quer limitar impactos do Terminal de Cruzeiros no ambiente e saúde de Lisboa
Àquele diário, Francisco Ferreira, dirigente da organização ambientalista, explica que “tem sido uma indústria crescente, tirando a pandemia, em termos do número de navios e do peso que têm em termos de poluição. Para alguns poluentes, têm uma contribuição muito significativa, em comparação com o tráfego automóvel. Temos de nos preocupar com as questões de poluição do ar, com impacto na saúde, mas também com as emissões de gases com efeito de estufa com impacto climático”.
O especialista identifica como questão a resolver urgentemente a do abastecimento de eletricidade no Porto. Para ele, “esta é a solução principal, embora não resolva as emissões feitas fora do Porto”.
Por sua vez, o Porto de Lisboa contrapõe que a conclusão do projeto de fornecimento de energia elétrica do terminal está prevista para 2026. E lança ainda a ideia de que há “campanhas de monitorização da qualidade do ar e da água” e que o setor dos cruzeiros irá investir 23 mil milhões de euros em novos navios e tecnologias verdes até 2050.
O mesmo jornal refere ainda que “as emissões dos navios que abastecem no nosso país são equivalentes à emissão de dióxido de carbono das oito cidades com mais carros, nas áreas metropolitanas de Lisboa, Porto e Braga”. E dá conta da decisão da cidade de Amesterdão de restringir navios de grande porte de atracar e da pretensão mesmo de encerrar o terminal de cruzeiros de forma a reduzir a poluição.