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“Crise climática está aqui com renovada força e é uma emergência”

À margem de um encontro com ativistas climáticos em Santarém, Catarina Martins frisou que “a crise pandémica não matou a crise climática”. A 7 de janeiro vai ser debatida no Parlamento a proposta do Bloco para a Lei de Bases do Clima.
Foto Esquerda.net.

A coordenadora bloquista fez referência às lutas sobre a água do Tejo e dos seus afluentes que têm sido travadas no distrito de Santarém, bem como às empresas que não cumprem a lei. Algumas das quais, inclusive, tiveram ordem de encerramento e não a cumpriram. Catarina Martins evocou ainda os ativistas ambientais que denunciaram estas situações e que são perseguidos com processos judiciais.

“As empresas pretendem que eles tenham medo e que se calem, mas eles não têm tido medo. Têm sido uns heróis na defesa da saúde pública, na defesa do ambiente”, apontou Catarina Martins.

A dirigente do Bloco lembrou que, no dia 7 de janeiro, vão ser debatidas no Parlamento as leis do clima. “A lei que o Bloco de Esquerda propõe é uma lei que expressamente prevê a proteção dos ativistas que lutam contra a poluição e que a denunciam, para que não haja este assédio e para que o país possa saber o que se passa”, explicou Catarina Martins.

“Creio que em Portugal não há nenhum distrito em que as populações não saibam o quanto é importante proteger os seus rios, que são um dos grandes campos de batalha das populações”, avançou.

A coordenadora bloquista defendeu que é preciso dar a voz às populações neste processo que é essencial, de termos leis que protejam o ambiente e combatam as alterações climáticas, e preparem também os territórios para as alterações climáticas que já estamos a viver”.

Catarina Martins recordou que “ainda ontem António Guterres dizia que é preciso compreender a emergência das alterações climáticas”.

“A crise de pandémica não matou a crise climática, pelo contrário. A crise climática está aqui com renovada força e é uma emergência. Precisamos mesmo de metas para a neutralidade carbónica mais ambiciosas e que sejam para levar a sério”, frisou.

A Lei de Bases do Clima que o Bloco propõe “responde a este apelo das Nações Unidas sobre a emergência climática”, afirmou a dirigente bloquista.

Catarina Martins deu ênfase à necessidade de prever passos concretos na luta contra as alterações climáticas e de nos debruçarmos sobre “como podemos criar emprego e combater a pobreza com uma lei para a justiça climática”.

“No momento em que tanto investimento público vai ser feito e tanto investimento privado com acesso a fundos públicos vai ser feito, o critério climático tem de estar no centro”, frisou, acrescentando que “colocar o clima no centro das preocupações do investimento é a grande decisão do nosso futuro”.

Catarina Martins teceu ainda críticas à União Europeia (UE): “A UE continua a achar que pode continuar a utilizar o princípio do poluidor-pagador. Estamos num momento em que não é pagar para poluir, é mesmo acabar com a poluição. É das nossas vidas, é do nosso planeta, é do nosso futuro que se trata”, sublinhou. De acordo com a coordenadora do Bloco, esse princípio é “profundamente errado”.

Acresce que “a UE tem um problema claro na forma como toma as decisões”, apontou Catarina Martins, esclarecendo que em causa está o poder enorme das energias fósseis e do sistema financeiro. Ou seja, “o poder dos poluidores de sempre”.

A dirigente bloquista falou sobre a queixa apresentada por Marisa Matias à Provedora de Justiça Europeia, relativa ao facto de a Comissão Europeia ter contratado como “consultora para desenhar critérios climáticos nas políticas financeiras” a Blackrock, que é um gigantesco fundo financeiro que investe precisamente nas energias fósseis.

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