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Covid-19: Confirmado primeiro caso de reinfeção

O doente tem 33 anos e está assintomático após ter testado positivo à chegada ao aeroporto de Hong Kong. A primeira infeção no fim de março obrigou-o a duas semanas de internamento hospitalar.
Aeroporto de Hong Kong. Foto Phillip Capper/Flickr

Investigadores da Universidade de Hong Kong descobriram o primeiro caso confirmado de uma pessoa infetada duas vezes com a covid-19. O estudo será publicado na revista científica Clinical Infectious Diseases e centra-se no caso de um homem de 33 anos cujo teste à covid-19 deu positivo quatro meses e meio após a primeira infeção.

O doente em causa passou 14 dias em internamento no início de abril e viajou recentemente para Espanha. Foi no regresso da viagem, após fazer um teste de saliva no aeroporto a 15 de agosto, que descobriu estar de novo infetado, mas desta vez sem sintomas da doença.

Apesar de existirem relatos em vários países de pessoas que dizem ter contraído o novo coronavírus pela segunda vez, esta é a primeira vez que a situação é confirmada por um estudo científico. Quanto às implicações desta descoberta, segundo o South China Morning Post, os investigadores dizem que “é improvável que a imunidade de grupo possa eliminar [a pandemia], embora seja possível que as infeções subsequentes sejam mais leves do que a primeira infeção, como é o caso deste doente. A covid-19 continuará provavelmente a circular por entre a população como acontece com outros coronavírus humanos”.

O estudo sugere ainda que as vacinas podem não oferecer uma proteção definitiva contra o coronavírus, pelo que recomenda que os doentes que recuperaram da covid-19 façam parte dos estudos em curso sobre as vacinas. “Embora o nosso doente esteja assintomático durante a segunda infeção, é possível que a reinfeção noutros doentes possa resultar numa infeção mais grave”, alerta a equipa de investigadores da Universidade de Hong Kong, que integra o prestigiado microbiologista Yuen Kwok-yung.

Ao semanário Expresso, o virologista Paulo Paixão refletiu sobre as consequências das reinfeções no que diz respeito à produção de vacinas, concluindo que “é provável que tenhamos de fazer pelo menos duas doses da vacina”, com todo o impacto económico que daí resulta e a possibilidade de isso poder fazer “com que não haja vacinas para toda a gente”.

A descoberta de reinfeções não é algo inesperado para a comunidade científica, “tendo em conta que há reinfeções em todos os outros vírus respiratórios”, prosseguiu o professor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, acrescentando que no entanto “não parece ser um fenómeno muito comum” e que, tal como na gripe, tudo indica que a reinfeção terá tendência a ser menos grave. “Em outubro, quando começarmos a ter mais casos, ficará mais claro se há ou não reinfeções”, conclui o virologista.

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