Uma sucursal da empresa australiana Savannah Resources, a Slipstream Resources, de Braga, vai começar prospeções no sentido de explorar uma mina de lítio a céu aberto em Covas do Barroso.
O Bloco questionou o ministério do Ambiente e Transição Energética uma vez que considera que isso “pode colocar em causa a classificação deste território como Património Agrícola Mundial”. O governo é instado a responder se tem conhecimento do projeto, se a “autorização para a referida prospeção foi antecedida de informação à população e às autarquias” e se “existe algum Estudo de Impacte Ambiental que suporte a ampliação da área inicial de concessão e o lítio como substância concessível”.
Segundo a pergunta do Bloco, a mancha na paisagem abrange “uma área equivalente a mais de 500 campos de futebol que implicará a abertura de crateras com mais de 100 metros de profundidade destinadas à exploração de lítio” Em causa está a destruição de ecossistemas importantes para a preservação de habitats naturais de espécies ameaçadas e quase extintas, “afetando dramaticamente o sistema agrossilvopastoril e a economia local”. O Bloco considera que esta mina também colocaria em causa a qualidade da água e do solo e poluiria o ar.
O deputado bloquista Pedro Soares, que visitou o local, juntou assim a sua voz à associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso que tem vindo a alertar para esta situação e a relembrar que a população não foi ouvida. Há uma petição online sobre esta questão dirigida ao governo e à Assembleia da República.
A classificação do Barroso aconteceu este ano. Este território foi o primeiro do país a integrar o Sistema Importante do Património Agrícola Mundial e um dos primeiros a nível mundial. A classificação é da responsabilidade da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura e pretende distinguir a genuinidade do território com base na forma tradicional de trabalhar as terras, de tratar do gado e na entreajuda dos seus habitantes. Esta identidade certifica os sistemas de agricultura tradicional que sejam “notáveis” devido à "diversidade, saber tradicional, biodiversidade, paisagem, modelo socioeconómico e resiliência face às alterações humanas, climáticas e ambientais".