Cortar emissões poluentes? A este ritmo, nem daqui a 200 anos

13 de setembro 2023 - 19:02

Um estudo publicado na revista Lancet conclui que "não há nada de verde no crescimento económico nos países de rendimento elevado".

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chaminés e fumo
Foto Tony Webster/Flickr

Jefim Vogel, do Instituto de Investigação em Sustentabilidade da Universidade de Leeds, no Reino Unido, é o principal autor do estudo publicado na semana passada na revista científica The Lancet Planetary Health. Ele procurou perceber se é mesmo verdade que os países mais desenvolvidos alcançaram um "crescimento verde" e se as suas metas estão em linha com os objetivos fixados no Acordo de Paris: limitar o aumento médio da temperatura global a 2°C em relação aos valores pré-industriais e procurar que este valor não atinja os 1,5°C até ao fim deste século.

A questão da possibilidade deste "crescimento verde", ou seja, descarbonizar a economia para cumprir aqueles objetivos e ao  mesmo tempo manter níveis de crescimento do Produto Interno Bruto tem sido alvo de discussões entre economistas e ambientalistas. Este estudo analisou onze dos países mais desenvolvidos que cortaram emissões de CO2 e cujas economias cresceram nos cinco anos antes da pandemia. E concluiu que esses países irão demorar em média mais de 200 anos para reduzir em 95% as suas emissões.

Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, França, Alemanha, Luxemburgo, Países Baixos, Suécia e o Reino Unido foram os países que combinaram crescimento económico e corte de emissões, mas nenhum deles conseguiu reduções de emissões suficientemente rápidas para atingir as metas de Paris.

Ou seja, conclui Jefim Vogel, "não há nada de verde no crescimento económico nos países de rendimento elevado". Citado pela agência Lusa, o cientista vai mais longe e diz que se trata de "uma receita para o colapso climático e para mais injustiças climáticas. Chamar estas reduções insuficientes de emissões 'crescimento verde' é enganador".