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COP26: O que prometem os maiores poluidores do planeta?

Perante a aceleração dos efeitos das alterações climáticas, os EUA, China, Índia e Rússia deslocam-se a Glasgow com novas promessas de descarbonização que ficam, contudo, longe das mudanças necessárias para atingir as metas tímidas dos acordos de Paris.
Em 2019, a onda de calor com temperaturas acima dos 45º obrigou o Governo indiano a tomar as primeiras medidas de gestão da catástrofe anunciada. Foto de Justin Lane via EPA/Lusa.
Em 2019, a onda de calor com temperaturas acima dos 45º obrigou o Governo indiano a tomar as primeiras medidas de gestão da catástrofe anunciada. Foto de Justin Lane via EPA/Lusa.

Os quatro maiores emissores de gases com efeito de estufa - China, EUA, Rússia e Índia - têm feito várias promessas para reverter a situação, mas a comunidade internacional mantém ceticismo sobre a sua capacidade para cumprir as promessas feitas, e se serão suficientes para evitar efeitos catastróficos no planeta.

Segundo as Nações Unidas, a produção de combustíveis fósseis prevista pelos governos é o dobro do necessário para manter o limite de 1.5ºC do aumento de temperatura média global.

Rússia: uma reviravolta musculada do carvão para o nuclear

A Rússia e a Índia têm, tradicionalmente, uma posição passiva em relação ao clima, mas os desastres naturais que têm sofrido recentemente estão a mudar as suas posturas. 

Com grande parte da sua economia baseada na mineração, a Rússia teve, durante anos, metas ambientais muito menos ambiciosas do que os seus vizinhos europeus, alimentando inclusivamente um discurso negacionista. Entretanto, face à multiplicação de fogos florestais na Sibéria e de fusão do 'permafrost' (terreno permanentemente congelado), que coloca em risco várias cidades do Ártico, o Presidente russo prometeu que a Rússia atingirá a neutralidade carbónica até 2060.

Em abril deste ano, Vladimir Putin ordenou a criação de uma indústria para reciclar as emissões de carbono. Em julho, propôs a Washington utilizar satélites para investigar os níveis de gases com efeito de estufa em todo o mundo a fim de se detetar até que ponto são cumpridas as promessas de reduzir as emissões para a atmosfera. O primeiro passo de Putin será a redução de 80% das emissões até 2050, trocando centrais de energia a carvão por energia nuclear.

Índia, do negacionismo à gestão da catástrofe

Nos Acordos de Paris, em 2015, a Índia comprometeu-se a reduzir as emissões do país entre 30% a 35% até 2030. Nenhum passo substancial foi tomado pela administração Modi na altura mas, em 2019, a onda de calor com temperaturas acima dos 45º e centenas de mortes registadas obrigou o Governo a tomar as primeiras medidas de gestão da catástrofe anunciada, onde várias regiões do país estão em risco de se tornar inabitáveis.

Desde então, Narendra Modi criou um ministério para supervisionar a distribuição de água e prometeu empenhar-se no cumprimento do Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas, tendo ainda apontado a intenção de aumentar a produção de energia renovável até 2030 até 40% da produção no país e apostar no reflorestamento para diminuir os níveis de carbono na atmosfera.

EUA: Biden promete um plano que o Senado não aprova

Depois da administração Trump renegar os acordos de Paris, Joe Biden prometeu, em abril – durante uma cimeira sobre o clima convocada pelos Estados Unidos -, cortar as emissões de gases de efeito estufa do país entre 50% e 52% até 2030 (relativamente aos níveis de 2005).

Biden pretende também descarbonizar a economia inteiramente até 2050, mas o plano - que envolve um investimento de mais de um bilião de euros -, permanece refém do Partido Republicano e de uma minoria de senadores do Partido Democrata no Senado do Congresso dos EUA, tendo poucas possibilidades de avançar.

China: Maior emissor do mundo também tem o maior número de eólicas

O país que concentrou a manufatura da economia globalizada é responsável hoje por mais emissões do que todo o resto do mundo. O Presidente chinês, Xi Jinping, prometeu, no ano passado, cumprir dois compromissos: atingir o volume máximo de emissões antes de 2030 e alcançar a neutralidade de carbono até 2060. Mas não especificou como pretende alcançar essas metas.

Sob pressão da União Europeia e dos EUA, Xi implementou também o mercado de carbono, um mecanismo de suposto incentivo à descarbonização que tem contribuído para ilibar grandes empresas das suas obrigações de descarbonização.

Investigadores da Universidade Tsinghua defenderam que 90% da energia da China tem de passar a ser nuclear e renovável até 2050. Para chegar a esse objetivo, a China deve apostar em liderar a produção de tecnologia de energia verde, como painéis solares e baterias de larga escala. Um objetivo que o Governo parece querer adotar, defendendo o seu grande potencial económico e capacidade de gerar milhões de empregos, além de reduzir a dependência da China da importação de petróleo e gás.

Em 2020, a China já tinha mais do triplo de fábricas de energia eólica relativamente a qualquer outro país e o país diz que a proporção de energia gerada por combustíveis não-fósseis deve alcançar 25% até 2030.

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