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“Contas dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo foram manipuladas”

Esta quarta-feira, no Parlamento, João Vasconcelos considerou que a acusação de João Pedro Martins, presidente da EMPORDEF, que afirmou que a gestão dos extintos Estaleiros Navais de Viana do Castelo teve atos que classificou como alta corrupção, é “gravíssima”.
Fotografia de Paulete Matos
Fotografia de Paulete Matos

A audição, pedida pelo Bloco e realizada na Comissão de Defesa Nacional, “ficou marcada pela denúncia de uma estratégia privatizadora, que passava por apresentar contas de empresas públicas adulteradas e balanços muito negativos para justificar a necessidade da sua privatização”, disse Vasconcelos na Assembleia da República.

A EMPORDEF, recorde-se, é a holding que gere as participações detidas pelo Estado em sociedades ligadas direta ou indiretamente às atividades de Defesa, como forma indireta de exercício de atividades económicas. Tem vários núcleos de participação que se dividem entre setores naval, industrial, tecnológico, imobiliário e financeiro.

Os resultados da EMPORDEF, segundo denunciou João Pedro Martins, foram construídos para que a holding apresentasse capitais próprios negativos. Aliás, foi esse o argumento que Paulo Portas apresentou em 2014 para justificar a decisão de extinção da EMPORDEF. João Vasconcelos afirma que essa decisão assentou em “argumentos falsos e mentiras técnicas”.

“O principal argumento invocado para liquidar a empresa não terá correspondido à verdade, pois a EMPORDEF não apresentou capitais negativos nos três anos anteriores a 2014”, disse o deputado.

Assim, “entre 2010 e 2014, a empresa apresentou contas auditadas com capitais próprios acima dos 100 milhões de euros”. “Mais uma enorme mentira que o governo anterior contou aos portugueses”, afirmou Vasconcelos.

O deputado do Bloco considera que a intenção disto era “liquidar uma empresa pública que dava lucro e abrir o caminho à privatização das restantes empresas do Grupo”.

“As contas dos ENVC foram manipuladas, apresentado dívidas muito acima da realidade. Mais uma mentira, desta vez superior a 300 milhões de euros, tal era a diferença entre o que anunciaram e a realidade. E assim abria-se o caminho para uma mais fácil privatização”, condenou.

O deputado quer ainda apurar todas as responsabilidades, uma vez que está em causa património público.

O Bloco de Esquerda apresentou um requerimento potestativo para que os ex-ministros da Defesa sejam ouvidos no Parlamento e proporá uma auditoria forense às contas da EMPORDEF e dos ENVC.

“Uma denúncia gravíssima de corrupção tem de ter consequências e a verdade tem de ser apurada”, afirmou Vasconcelos.

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