Conselho de Redação do JN denuncia “clara ingerência na linha editorial do jornal”

01 de janeiro 2024 - 11:19

Órgão alerta que a suspensão de “todas as prestações de serviço” a partir desta segunda-feira, ordenada pela Comissão Executiva do Global Media Group, significa “calar todos os colaboradores do JN, de Norte a Sul do País, da Cultura ao Desporto”. Jornalistas do grupo fazem greve a 10 de janeiro.

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Capas do JN. Foto Esquerda.net.

Em comunicado, o Conselho de Redação (CR) do Jornal de Notícias (JN) assinala que “após o choque e surpresa com esta machadada na viabilidade” do título, é “necessário expor as implicações diretas e práticas de uma decisão que não tem cobertura legal, que configura uma clara ingerência na linha editorial do jornal, segundo a Lei de Imprensa”.

Acusando a Comissão Executiva do Global Media Group de querer “matar o JN”, o CR alerta que “a suspensão de ‘todas as prestações de serviço’ significa, na prática, calar todos os
colaboradores do JN, de Norte a Sul do País, da Cultura ao Desporto”.

O órgão acrescenta que a ordem, “decretada a menos de dois dias do fim do ano, terá implicações gravosas no funcionamento normal do jornal, que se arrisca a perder valiosos jornalistas correspondentes para a concorrência, prejudicando gravemente” os leitores, que procuram no JN “um jornalismo sério, rigoroso e de proximidade, o que só se consegue com uma rede de correspondentes locais que são o rosto e a voz de milhares de pessoas, em todo o País”.

“Retirar a já escassa e precária mão de obra nas regiões é, a curtíssimo prazo, matar a
produção de notícias de proximidade, aniquilar o ADN” do JN, que “não se pode dar ao luxo de abdicar do oxigénio que representam os colaboradores e a visão que trazem das suas regiões”, escreve o CR.

No comunicado, é ainda referido que a suspensão de todas as colaborações também representa retirar conteúdos editoriais do título e afetará, ainda, a diversidade de artigos de opinião.

O CR insta a Comissão Executiva do Global Media Group a explicar ao JN e aos seus trabalhadores esta “ordem impensável e lesiva” para o título, os leitores e o próprio país, e lembra que tem “especial competência, e até dever, de vigilância para avançar com participação ou queixa na Entidade Reguladora da Comunicação (ERC)”.

Jornalistas do grupo fazem greve a 10 de janeiro

Na sexta-feira, as redações de Jornal de Notícias (JN), TSF, O Jogo e Diário de Notícias, títulos do Global Media Group, "aprovaram, unanimemente" a realização de uma greve no dia 10 de janeiro.

"Somos imunes à básica estratégia de dividir para reinar. A luta de cada um de nós é a luta de todos. Estamos unidos na defesa dos nossos direitos, do jornalismo e da democracia", afirmam em comunicado.

Os trabalhadores do DN recordam “os apelos que já fizeram à sociedade civil para que se mobilize no sentido de encontrar medidas concretas de salvação não só do DN como de todos os títulos do GMG”: “É a ‘preservação do pluralismo no sistema mediático nacional’ que está em causa, como bem reconhece a ERC [Entidade Reguladora da Comunicação Social]”, frisam.

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