Ao final da manhã de sábado, milhares de manifestantes concentravam-se em vários pontos de Paris, uma cidade sitiada com 8 mil polícias nas ruas, comércio e monumentos encerrados, lojas entaipadas e protegidas por seguranças privados. Também noutras cidades francesas, grupos de coletes amarelos bloqueiam as saídas de postos de combustíveis, hipermercados e centros comerciais.
O Ministério do Interior prevê que o grau de violência seja “pelo menos igual” ao da manifestação do passado sábado, que terminou com confrontos com a polícia e dezenas de feridos. Por volta do meio dia (hora local), a polícia já tinha feito mais detenções do que em toda a manifestação de 1 de dezembro. Nos momentos de maior tensão, a polícia tem lançado gás lacrimogéneo e balas de borracha contra os manifestantes que bloqueiam várias artérias de Paris. Mas por entre os vários cortejos também há quem se manifeste em clima de festa.
Les dangereux ultras de Monsieur @CCastaner sont là #FanfareInvisible#GiletsJaunes #8decembre pic.twitter.com/WsWWF9AXm6
— Guillaume Tricard (@gtricard) 8 de dezembro de 2018
O protesto dos coletes amarelos coincide com a mobilização da Marcha Internacional do Clima, e em algumas cidades francesas os dois cortejos acabaram mesmo por se juntar.
Quand les "Gilets Verts" rencontrent les #GiletsJaunes, ils les applaudissent à @Laval_la_Ville !! Les deux combats ne sont pas incompatibles #Mayenne #MarchePourLeClimat pic.twitter.com/jDtZEE6Ekm
— France Bleu Mayenne (@bleumayenne) 8 de dezembro de 2018
Em várias cidades, os manifestantes assinalaram também a sua solidariedade com os estudantes liceais humilhados pela polícia, ajoelhando-se em frente à sede do município com as mãos por cima da cabeça.
À Marseillle, devant la préfecture, les Gilets Jaunes se mettent à genoux, mains sur la tête et scandent : « Lyceens avec nous! » avant d’entonner la Marseillaise. pic.twitter.com/0nnYwIfbHp
— Leroux Provence (@LucLeroux2) 8 de dezembro de 2018
O recuo de Macron na questão do aumento da taxa dos combustíveis não serviu para travar um movimento que tem ganho força em todo o país, com reivindicações centradas na luta contra as desigualdades e o aumento do custo de vida. A descida do preço das rendas, o aumento das pensões e do salário mínimo e a redução da idade da reforma são agora temas comuns na agenda dos coletes amarelos, que reivindicam também a introdução de referendos para decidir sobre matérias polícias.
O movimento identifica a presidência de Macron como um “governo dos ricos”, que faz aprovar borlas fiscais para os mais abastados, enquanto os que menos têm veem a sua vida piorar.
Ao longo do dia, as manifestações em Paris, mas também outras cidades, foram vigiadas de perto e duramente reprimidas pela polícia, que às 18h locais anunciou ter detido mais de 700 pessoas em todo o país. Na capital francesa há notícias de vários feridos, entre os quais jornalistas atingidos por balas de borracha da polícia.